Países europeus estão a ficar aquém na luta contra o HIV, tuberculose e DST's, alertam autoridades sanitárias

A Europa não irá atingir os seus objetivos de combate ao VIH, tuberculose (TB), hepatite e infeções sexualmente transmissíveis (IST) sem investimentos significativos na saúde pública, alertaram as autoridades regionais de saúde.
Estas doenças causam cerca de 57 000 mortes por ano na União Europeia, na Islândia, no Liechtenstein e na Noruega, de acordo com o novo relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
Mas muitos países não estão no bom caminho para atingir os objetivos oficiais de eliminação das epidemias de doenças infecciosas até 2030 sendo que a região não atingiu a maioria destes objetivos para 2025.
"Estas doenças são evitáveis, tal como o fardo que representam para os sistemas de saúde, os doentes e as suas famílias", afirmou a diretora do ECDC, Pamela Rendi-Wagner, num comunicado.
Já se registaram alguns progressos. O número de novas infeções por VIH diminuiu 35% desde 2010 e a incidência de TB diminuiu 35% desde 2015, embora os objetivos da região fossem uma redução de 75% e 50% até 2025.
DSTs atingem níveis recorde
O número de mortes por causas relacionadas com a SIDA diminuiu 30% desde 2010, com 3 300 mortes em 2023. Mas as autoridades de saúde pretendiam reduzir este número para metade.
As mortes por hepatite B e C continuam a ser elevadas e os casos de hepatite B aguda estão a aumentar. Estas infeções propagam-se através do contacto sexual ou quando existe partilha ou acidentes com seringas contaminadas, e podem causar cirrose e cancro do fígado.
As taxas de doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e a gonorreia, estão a atingir níveis recorde.
As autoridades detetam agora quase todos os casos novos e recidivantes de tuberculose, mas a resistência aos medicamentos e o tratamento continuam a ser um desafio. Em 2022, apenas 68% das pessoas que iniciaram o tratamento da TB concluíram-no, efetivamente, ficando aquém do objetivo de 90% da região.
O ECDC apelou a esforços adicionais para prevenir estas doenças, por exemplo, melhorando a aceitação da profilaxia pré-exposição (PrEP) para ajudar a prevenir a infeção pelo VIH, aumentando a vacinação contra a hepatite B e levando as pessoas a usar preservativos.
A agência também quer que os países expandam os serviços de despistagem para tentar detetar as infeções mais cedo, reforcem a recolha de dados e tomem medidas para ajudar as pessoas com doenças como a tuberculose - para as quais têm de tomar comprimidos diários durante quatro a nove meses - a manter o tratamento.
"Temos cinco anos para agir; temos de os fazer valer a pena", afirmou Rendi-Wagner.