Martin Scorsese sobre a morte do Papa Francisco: "Ele irradiava bondade"

O lendário cineasta Martin Scorsese, que visitou o Vaticano várias vezes, disse que teve sorte em ter conhecido o Papa Francisco, que morreu na segunda-feira aos 88 anos.
"Há tanta coisa que pode ser dita sobre o significado do Papa Francisco e tudo o que ele significou para o mundo, para a Igreja, para o papado, que vou deixar isso para os outros", disse Scorsese numa declaração à Variety. "Ele era, em todos os sentidos, um ser humano notável. Ele reconheceu as próprias falhas. Irradiava sabedoria. Irradiava bondade. Tinha um compromisso férreo com o bem".
Scorsese acrescentou: "Sabia na sua alma que a ignorância era uma praga terrível para a humanidade. Por isso, nunca deixou de aprender e nunca parou de iluminar. Abraçou, pregou e praticou o perdão. O perdão universal e constante".
O realizador deTaxi Driver, The Departed: Entre Inimigos e Assassinos da Lua das Flores reuniu-se com o Papa Francisco em 2023 e anunciou que estava a fazer outro filme sobre Jesus. Isto depois do aclamado e polémico A Última Tentação de Cristo, de 1988, e de Silêncio, 2016, um filme que narrava as dificuldades dos missionários jesuítas portugueses no Japão do século XVII.
Na altura do anúncio, Scorsese disse: "Respondi ao apelo do Papa aos artistas da única forma que sei: imaginando e escrevendo um argumento para um filme sobre Jesus. E estou prestes a começar a fazê-lo".
O estado do filme, ainda sem título, é desconhecido. No entanto, o consultor de Scorsese para este projeto, o padre Antonio Spadaro, publicou um esboço e uma série de conversas que teve com Scorsese no livro "Dialoghi sulla fede" ("Diálogos sobre a Fé"), no ano passado.
O último capítulo do livro, intitulado "Argumento para um possível filme sobre Jesus", é um texto de 20 páginas que Scorsese autorizou que o padre Spadaro publicasse. O texto explica a abordagem do realizador ao filme.
"Quando a ideia de fazer cinema começou a tornar-se concreta, tinha em mente fazer um filme sobre Cristo no mundo moderno, com roupas modernas, filmado em 16mm e a preto e branco nas ruas de Nova Iorque", lê-se numa parte do texto.
Há notícias que revelam que Scorsese tem colaborado no argumento deste filme sobre Jesus com Kent Jones, sendo o projeto baseado no romance de Shūsaku Endō, "Uma Vida de Jesus". Endō também é autor de Silêncio, que estreou no Vaticano em 2016. Na altura, Scorsese juntou-se a 400 padres para a projeção do filme.
Nesta declaração, Scorsese revelou que a morte do Papa Francisco teve um profundo impacto sobre ele.
"A perda para mim é profunda. Tive a sorte de o conhecer e vou sentir falta da sua presença e do seu calor", disse. "A perda para o mundo é imensa. Mas ele deixou uma luz para trás, que nunca pode ser extinta."