Algoritmos de redes sociais podem alterar opiniões políticas, diz estudo com extensão de navegador
Investigadores nos Estados Unidos desenvolveram uma nova ferramenta que permite a cientistas independentes estudar como os algoritmos das redes sociais afetam os utilizadores, sem necessitar de autorização das próprias plataformas.
Os resultados sugerem que as plataformas podem reduzir a polarização política ao despromover conteúdo hostil nos seus algoritmos.
A ferramenta, uma extensão para navegador baseada em inteligência artificial (IA), analisa publicações no X, antigo Twitter, em busca de temas antidemocráticos e posições partidárias extremamente negativas, como mensagens que possam incitar à violência ou à prisão de apoiantes do partido adversário.
Depois, reordena as publicações no feed do X em segundos, mostrou o estudo, colocando o conteúdo polarizador mais abaixo no feed.
A equipa de investigadores da Universidade de Stanford, da Universidade de Washington e da Universidade Northeastern testou a extensão nos feeds do X de mais de 1 200 participantes que consentiram que fossem modificados durante 10 dias, na fase que antecedeu as presidenciais de 2024 nos Estados Unidos.
Alguns participantes usaram a extensão que mostrava mais conteúdo divisivo e os restantes utilizaram a que o despromovia para posições mais baixas no feed. Os resultados foram publicados na revista Science na quinta-feira.
Nova forma de reordenar “sem colaboração das plataformas”
Os investigadores pediram aos participantes que avaliassem, numa escala de 1 a 100, o que sentiam em relação ao partido político adversário durante a experiência.
Entre os participantes que usaram a ferramenta, as atitudes face ao partido adversário melhoraram, em média, dois pontos, o equivalente à mudança estimada na opinião pública americana em três anos.
“Estas mudanças foram comparáveis, em dimensão, a três anos de variação da polarização afetiva nos Estados Unidos”, notaram os investigadores.
Os resultados foram bipartidários, com efeitos consistentes entre pessoas com posições liberais e conservadoras.
Tiziano Piccardi, professor assistente de ciência de computadores na Universidade Johns Hopkins, afirmou que a ferramenta tem um impacto “claro” na polarização.
“Quando os participantes foram expostos a menos deste tipo de conteúdo, sentiram mais simpatia pelas pessoas do partido adversário”, disse em comunicado. “Quando foram expostos a mais, sentiram menos simpatia”.
Os investigadores referem que isto pode ser uma nova forma de reordenar conteúdos nas redes sociais “sem colaboração das plataformas”.
“Estas intervenções podem resultar em algoritmos que não só reduzem a animosidade partidária, como também promovem maior confiança social e um discurso democrático mais saudável entre linhas partidárias”, concluiu o estudo.
O estudo analisou também respostas emocionais e concluiu que os participantes que reduziram o conteúdo hostil relataram sentir menos raiva e tristeza enquanto usavam a plataforma. No entanto, os efeitos emocionais não continuaram após o fim do estudo.
Os investigadores escreveram que o estudo era acessível apenas a quem tinha sessão iniciada no X num navegador, e não numa aplicação, o que poderá limitar os efeitos.
O estudo também não mediu o impacto a longo prazo que ver menos conteúdo polarizador poderá ter nos utilizadores do X.
Este texto foi traduzido com a ajuda de inteligência artificial. Comunicar um problema : [feedback-articles-pt@euronews.com].
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