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Empresas siderúrgicas europeias defendem quotas e cooperação com os Estados Unidos

• Aug 28, 2025, 7:14 AM
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A União Europeia deve acelerar as negociações de um sistema de quotas tarifárias (TRQ, na sigla em inglês) com os Estados Unidos para evitar as atuais tarifas exorbitantes de 50% sobre o aço e o alumínio, disse à Euronews o diretor-geral da Associação Europeia do Aço, EUROFER, acrescentando que um acordo deste tipo poderia também ajudar na resposta à sobrecapacidade chinesa no setor.

Estes sistemas de contingentes tarifários permitem a importação de quantidades específicas de aço e alumínio a uma taxa inferior ou nula, estando qualquer quantidade adicional sujeita a taxas muito mais elevadas.

"As quotas tarifárias são a única abertura que temos com os Estados Unidos", disse Axel Eggert à Euronews: "Não são perfeitas, mas pelo menos ainda podemos exportar para os Estados Unidos, enquanto agora é completamente diferente".

O sistema de quotas tarifárias para o aço e o alumínio foi introduzido durante a administração Biden para substituir as tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio impostas pela primeira administração Trump. Permitiu que até 3,3 milhões de toneladas de aço da União Europeia e 384.000 toneladas de alumínio entrassem nos Estados Unidos sem tarifas, aplicando-se as tarifas a outras quantidades superiores. No entanto, desde que regressou ao cargo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio, que foram aumentadas para 50% em junho e alargadas em 19 de agosto a cerca de 400 derivados do aço.

Após semanas de disputas tarifárias que visavam todos os produtos industriais da União Europeia - e não apenas o aço e o alumínio - Bruxelas e Washington chegaram a um acordo que as tarifas sobre os produtos da União Europeia em 15%, com a notável exceção do aço e do alumínio.

No entanto, a declaração conjunta afirma que as partes "tencionam considerar a possibilidade de cooperar no sentido de isolar os respetivos mercados nacionais do excesso de capacidade (de produção), assegurando simultaneamente cadeias de abastecimento seguras entre si, nomeadamente através de soluções de contingentes tarifários".

"Esperávamos que houvesse uma obrigação clara de os Estados Unidos manterem o contingente tarifário anterior", afirmou Eggert. "Era esse o nosso objetivo e era também o objetivo da Comissão, mas a Comissão simplesmente não percebeu."

O chefe da EUROFER disse ainda que os Estados Unidos e a União Europeia podem na resposta ao excesso de capacidade da China no sector do aço.

De acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), registou-se um excesso de capacidade de produção global de aço de 600 milhões de toneladas no ano passado e, no próximo ano, deve haver um excesso de capacidade de 720 milhões de toneladas.

"A China está a subsidiar a indústria siderúrgica", afirma Eggert, salientando que o gigante asiático tem um excesso de capacidade de mais de 500 milhões de toneladas.

Diz ainda que, quando Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio a nível mundial, em março, estas foram engolidas por produtos chineses baratos, o que explica o facto de as tarifas americanas terem sido depois aumentadas para 50%.

A questão do excesso de capacidade foi parte integrante das negociações dos últimos meses entre os Estados Unidos e a União Europeia, com a Comissão a insistir na cooperação entre as duas partes.

"Se temos os dois maiores mercados do mundo, os Estados Unidos e a União Europeia, então temos um poder de mercado tal que não permitimos entrar empresas que produzem em excesso de capacidade", prevê Eggert. "Então, é claro que eles têm que reduzir o excesso de capacidade".

Em 2021, a administração Biden e a Comissão Europeia começaram a negociar um acordo - o Acordo Global sobre Aço e Alumínio Sustentável (GASSA, na sigla em inglês) - para combater o excesso de capacidade e promover a produção de baixo carbono nos setores do aço e do alumínio. Mas as negociações foram interrompidas após o regresso de Trump ao poder.

"Há uma possibilidade [de retomar a negociação], porque a administração norte-americana já trabalhou em grande pormenor", diz Eggert, salientando que um ponto de discórdia que permaneceu foi o Mecanismo de Ajustamento de Carbono nas Fronteiras (CBAM, na sigla em inglês) da União Europeia, que impõe uma taxa sobre alguns produtos poluentes importados para o bloco, ao qual Washington se opõe.