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Incêndios em Portugal: bombeiro morre na Covilhã e Governo prolonga situação de alerta

• Aug 18, 2025, 6:48 AM
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São quatro os grandes incêndios que lavram por esta altura no território de Portugal. às 14h00, mais de dois mil operacionais combatem as ocorrências em curso.

O fogo que teve início em Piódão, concelho de Arganil na semana passada e que se alastrou a concelhos vizinhos continua a ser o que mais meios mobiliza no terreno mais de mil operacionais no terreno e vários meios aéreos.

As chamas alastraram-se ao concelho da Covilhã, com a Câmara Municipal a lançar, na última noite, um alerta de confinamento para mais de uma dezena de freguesias. É agora a situação que mais preocupa, com as chamas a alastrarem-se já ao Fundão.

O incêndio que lavra no Fundão tem três frentes ativas: uma proveniente do fogo da Covilhã em Silvares, uma frente que circundou Lavacolhos e outra, com progressão "mais devastadora", em direção à Enxabarda.

Em declarações à agência Lusa, pelas 14h50 desta segunda-feira, o vice-presidente do município do Fundão, Miguel Gavinhos, explicou que as condições meteorológicas que se fazem sentir na região "são muito adversas ao combate às chamas, mesmo pelos meios apeados".

"Há uma enorme cortina de fumo que não permite aos meios aéreos operarem. Temos consciência de que se trata de um incêndio com um perímetro muito grande [mais de 40 quilómetros] e não é possível ter meios em todas as frentes", referiu.

A situação no concelho do Sabugal, distrito da Guarda, agravou-se no domingo, com os populares a tentarem ajudar os bombeiros no combate às chamas. O presidente da Câmara queixa-se de falta de meios. Às 14h00, quase 300 operacionais combatiam as chamas no terreno apoiados por oito meios aéreos.

No concelho de Tarouca, sub-região do Douro, no distrito de Viseu, o fogo mobiliza mais de 200 operacionais. Em Mirandela, Terras de Trás-os-Montes, são mais de 150 os bombeiros a combater as chamas.

O incêndio na serra da Lousã entrou em fase de rescaldo. Nas últimas horas foram registados alguns reacendimentos na frente de Góis, mas o fogo é dado como estando em resolução pela Proteção Civil. No terreno permanecem mais de 300 operacionais e 100 viaturas de forma a evitar reacendimentos.

O fogo em Sátão e Trancoso, que abarcou 11 concelhos, foi dado como dominado durante a noite.

Bombeiro morre na Covilhã

Um bombeiro morreu na sequência um acidente de viação na aldeia de São Francisco de Assis, Covilhã, quando se dirigia para o combate a um incêndio no Fundão, no domingo. Outras quatro pessoas ficaram feridas.

A Câmara da Covilhã lamentou a morte do bombeiro e decretou três dias de luto municipal. Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou pesar pela morte do operacional assim como o presidente da República, que transmitiu profundo pesar ao comandante da corporação do bombeiro vitimado e ao presidente da Câmara Municipal da Covilhã, pedindo que faça chegar a mensagem à família enlutada e às famílias dos feridos.

O presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros esteve esta manhã reunido com Marcelo Rebelo de Sousa. À saída do Palácio de Belém, António Nunes disse que o presidente da República deixou uma palavra de agradecimento aos bombeiros e uma "palavra de confiança" pelo trabalho desenvolvido.

Na próxima semana, a Liga dos Bombeiros Portugueses irá reunir-se com o chefe de Estado para fornecer sugestões operacionais no combate aos fogos.

“No próprio programa do Governo está uma janela de oportunidade para alterar o sistema. Se o vamos fazer, não depende de nós, depende do Governo”, explicou António Nunes.

Montenegro reforça confiança no dispositivo de combate aos incêndios

Luís Montenegro esteve esta manhã na sede da Proteção Civil em Carnaxide para reforçar a confiança que o Executivo mantém no dispositivo de combate que, segundo o primeiro-ministro, está a "100 por cento no terreno, disponível não obstante os 24 dias seguidos de severidade meteorológica”.

Montenegro frisou ainda que entende as críticas das populações afetadas, reforçando que "estamos todos muito esgotados" por uma "guerra desigual".

"Estamos em guerra e venceremos a guerra, desigual. Uma guerra contra a natureza e todos os efeitos que acabam por contribuir para uma propagação tão grande dos incêndios florestais", frisou o primeiro-ministro.

Governo prolonga situação de alerta

O Governo decidiu prolongar a situação de alerta no país devido aos incêndios por mais 48 horas, justificando a decisão com as condições meteorologicas adversas para o combate às chamas. "Ainda persistem dificuldades, ainda persistem condições muito desfavoráveis", afirmou a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, que se recusou a responder às questões dos jornalistas.

No último ponto de situação, realizado de manhã, o comandante nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, confirmou que também o estado de prontidão especial vai prolongar-se até quarta-feira, bem como a situação de alerta.

"O dispositivo está 100% empenhado em fazer tudo o que pode para salvaguardar todas as situações. No entanto, temos de compreender que são inúmeros os pedidos", explicou.

Esta segunda-feira deverão chegar os aviões da Suécia, vindos ao abrigo do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ativado por Portugal na passada sexta-feira. Apesar da chegada das aeronaves não é ainda claro quando é que os dois Fire Boss possam, efetivamente, começar a atuar.

"Dependerá das horas a que eles chegarem e da questão operacional dos próprios pilotos. Teremos de avaliar, à chegada, juntamente com o 'team leader' da equipa que vem com esses Fire Boss, como é que os vamos poder empenhar e o tempo de empenhamento", acrescentou Mário Silvestre.

Grande parte do país permanece esta segunda-feira sob risco máximo ou muito elevado de incêndio, principalmente no Norte e Centro do território do continente, afetado por multiplos incêndios rurais desde julho. Apesar do estado de alerta o IPMA aponta para um descida nas temperaturas para os próximos dias, algo que poderá ser favorável ao combate aos fogos.

As chamas já consumiram mais de 172 mil hectares de terreno sendo a área ardida deste anos 17 vezes superior à registada no ano passado.