Polónia acusa ex-funcionário do registo civil de fornecer identidades falsas a espiões russos

Um ex-funcionário da Conservatória do Registo Civil de Varsóvia foi acusado de espionagem por alegadamente fornecer à Rússia identidades falsas para uso dos seus, adiantaram as autoridades polacas na quinta-feira.
A Agência de Segurança Interna da Polónia (ABW) em comunicado informou que o homem, identificado apenas como Tomasz L. de acordo com a legislação polaca de proteção de dados, foi indiciado por espionagem e abuso de poder, anunciou.
Segundo as autoridades, o homem terá fornecido informações à Rússia entre 2017 e 2022, enquanto trabalhava nos arquivos do registo civil do município de Varsóvia. Acredita-se que Tomasz L. tenha copiado registos civis de cidadãos polacos e estrangeiros.
"Os dados e documentos obtidos permitiram aos serviços estrangeiros preparar documentação legal para construir as identidades dos chamados ilegais. Em seguida,o funcionário terá passado esses dados a um oficial de inteligência designado, usando comunicação de rádio secreta. Ele tinha sido previamente treinado nessa área pelos serviços secretos russos", afirmou o Ministério Público Nacional em comunicado.
A pessoa a quem ele forneceu os dados era um funcionário da Embaixada Russa, expulso em 2022.
De acordo com o jornal polaco Rzeczpospolita, a sua detenção forneceu às autoridades informações que contribuíram para a expulsão de diplomatas russos no mesmo mês.
A Polónia expulsou 45 russos com estatuto diplomático acusados de espionagem em março de 2022, disse o então ministro do Interior.
Mariusz Kamiński disse que os espiões fingiam ser diplomatas e que a Polónia estava a «desmantelar» os agentes dos serviços secretos russos no país.
Vários países da UE, incluindo a Bulgária e Estados Bálticos, expulsaram recentemente diplomatas russos acusados de espionagem.
A acusação contra Tomasz L. foi apresentada ao Tribunal Distrital de Varsóvia a 11 de setembro de 2025, mas o suspeito já tinha sido detido a 17 de março de 2022, de acordo com informações publicadas pela ABW.
Desde então, encontrava-se detido - uma detenção temporária que foi sistematicamente prorrogada. A 9 de outubro, o processo foi remetido para o Ministério Público Nacional e a ABW anunciou oficialmente que tinha sido apresentada uma acusação em tribunal.
Tomasz L. não admite a culpa e, tal como os investigadores referiram no comunicado, deu explicações na fase inicial do inquérito, mas mais tarde exerceu o seu direito de se recusar a dar explicações.
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