Estado de emergência em Santorini: três cenários possíveis para os terramotos no Egeu
As autoridades gregas declararam o estado de emergência na ilha grega de Santorini, na quinta-feira, devido à preocupação de que um terramoto de maiores dimensões possa seguir-se aos terramotos que têm ocorrido na ilha há vários dias.
A decisão de declarar o estado de emergência foi tomada na sequência de um abalo de magnitude 5,2 registado entre as ilhas gregas de Amorgos e Santorini às 21:09 horas locais de quarta-feira. Estima-se que este sismo, o mais forte dos últimos dias, tenha ocorrido a uma profundidade de cinco quilómetros.
As autoridades declararam que a decisão tomada para "satisfazer as necessidades urgentes e gerir as consequências" permanecerá em vigor até 3 de março.
De acordo com a BBC, o número de pessoas que deixaram Santorini ultrapassou as 11 mil. Destas, sete mil partiram de ferry e quatro mil de avião.
Após 57 sismos ocorridos entre as 06:30 e as 07:50 locais de quinta-feira, foi registado um outro sismo de magnitude 4,7 a sudoeste de Amorgos.
Até à data, não foram registados danos significativos na ilha. No entanto, as precauções continuam.
"A atividade sísmica continua com a mesma intensidade e à mesma velocidade que nos dias anteriores", afirmou Vasilis Karastathis, diretor do Instituto de Geodinâmica, à ERTNews.
"O número de terramotos de magnitude superior a 4 é bastante elevado", disse Karastathis: "No entanto, não estamos em posição de dizer que estamos a ver qualquer evidência de que a sequência está a ser gradualmente completada. Estamos ainda a meio do caminho. Não vimos quaisquer sinais de regressão".
Outro especialista, Thanasis Ganas, concorda, mas parece um pouco mais otimista. A densidade está a começar a diminuir, mas ainda não estabilizou", afirma o cientista ao mesmo jornal. Estamos a um passo da estabilização", disse.
Entretanto, está a ser montada uma estação de telecomunicações de reserva na Câmara Municipal de Santorini, que será ativada em caso de terramoto de grandes proporções e de problemas de telecomunicações.
Há "três cenários possíveis"
Efthymios Lekkas, chefe da Organização Grega de Planeamento e Proteção contra Terramotos (OASP), apontou os três cenários mais prováveis, relatados pela imprensa grega.
A intensa atividade sísmica poderá continuar durante várias semanas ou mesmo meses sem que se registem sismos mais significativos (até 5,3). Acabará depois por desaparecer durante um longo período de tempo.
Ocorre um terramoto maior, com uma magnitude que se aproxima dos 5,5, que libertaria a maior parte da tensão sísmica ainda presente na região, e os abalos diminuem rapidamente após este evento. O cientista observou que este poderia ser o resultado mais favorável, uma vez que não se esperam grandes danos resultantes de terramotos de magnitude 5,5.
O terceiro cenário, com a menor probabilidade, é um terramoto de magnitude 6.
Terramoto é mais sentido em Amorgos
Depois de ter sido registado um tremor de terra de magnitude 5,2 no sul de Amorgos, a população começou a sentir-se inquieta. Os ferries de e para a ilha, que não tem aeroporto, foram cancelados devido aos ventos fortes, aumentando a ansiedade dos cidadãos.
"Estamos mais perto do centro do terramoto, por isso estamos a tremer mais e o barulho é percetível", disse à AMNA Stamatis Simos, vice-presidente da Câmara Municipal da ilha de Amorgos.
Alguns especialistas argumentam que as estruturas aqui são mais estáveis do que as de Santorini, porque as de Santorini assentam em rochas vulcânicas deslizantes e, em muitos casos, estão empoleiradas nos lados de penhascos íngremes com vista para a caldeira.
O vulcão vai entrar em erupção?
Santorini está localizada no Arco Vulcânico Helénico, uma cadeia de ilhas formada por vulcões. A última erupção significativa ocorreu na década de 1950.
As autoridades gregas afirmam que os tremores de terra recentes não são causados por atividade vulcânica, mas sim por movimentos das placas tectónicas. De acordo com a Universidade Nacional e Kapodistrias de Atenas (NKUA), a atividade sísmica está a ocorrer no arco vulcânico ativo do Egeu do Sul. No entanto, não está diretamente ligada a nenhum centro vulcânico conhecido.
Por outro lado, existe o receio de que estes abalos possam estimular o vulcão Santorini na região. De acordo com um relatório da Presidência Turca da Gestão de Catástrofes e Emergências (AFAD), na quarta-feira, a atividade sísmica em curso no Mar Egeu pode conduzir a uma atividade vulcânica.
"Existe a possibilidade de a atividade sísmica em curso poder conduzir a uma possível atividade vulcânica. No entanto, a atividade sísmica de intensidade semelhante foi registada na mesma região durante 14 meses em 2011-2012, mas não deu origem a qualquer atividade vulcânica. A atividade vulcânica pode ocorrer dependendo de diferentes caraterísticas geológicas, como o tipo e a intensidade da erupção, a interação magma-água, etc.".
As autoridades gregas também informaram, nos dias anteriores, que foi detetado um aumento da atividade vulcânica na caldeira de Santorini (cratera cheia de água). Mas os cientistas dizem que isso não tem nada a ver com terramotos, segundo a AP. É improvável que a atividade sísmica no nordeste da ilha venha a fazer com que um dos dois vulcões na área entre em erupção, escreveu a AP.
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