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Uma estirpe de bactéria resistente aos antibióticos está a propagar-se na Europa, alertam os cientistas

• Jul 23, 2025, 1:38 PM
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Uma nova estirpe de bactérias que pode causar infeções graves em crianças, mas que escapa aos tratamentos habituais, está a propagar-se na Europa.

O MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina) é um tipo de bactéria que evoluiu ao ponto dos antibióticos de primeira escolha já não funcionarem contra ela, tornando-a mais difícil de tratar. Pode causar graves problemas de saúde se entrar no corpo, tendo causado mais de 100.000 mortes em todo o mundo, em 2019.

Uma nova estirpe de MRSA foi identificada na Alemanha e nos Países Baixos há quase uma década e, desde então, propagou-se a, pelo menos, nove outros países europeus, de acordo com uma nova investigação do Statens Serum Institut (SSI) da Dinamarca.

Os cientistas começaram a preocupar-se com a possibilidade da estirpe estar a circular na Dinamarca depois de 32 crianças e familiares terem desenvolvido úlceras causadas por um tipo específico de bactéria estafilocócica no verão de 2023. Um ano mais tarde, identificaram outro surto da mesma bactéria noutro local do país.

Suspeitaram que a Dinamarca não era o único país afetado pela nova estirpe, a que chamaram de "clone" de outro tipo de MRSA por terem algumas semelhanças genéticas.

Quando analisaram amostras em toda a Europa, encontraram a bactéria em 11 países: Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Espanha, Suécia e Reino Unido.

"Este clone, que foi encontrado pela primeira vez na Alemanha e nos Países Baixos em 2014, é um novo subtipo" da bactéria, afirmou Andreas Petersen, investigador de MRSA na SSI que liderou o estudo, num comunicado.

Os investigadores publicaram os seus resultados na revista Eurosurveillance.

A estirpe é geneticamente semelhante a outra forma de MRSA que parece causar impetigo, uma infeção bacteriana da pele que provoca a formação de feridas vermelhas.

Mais comum entre crianças dos dois aos cinco anos, o impetigo é altamente contagioso e pode propagar-se facilmente no seio das famílias. Os surtos ocorrem normalmente no final do verão e no início do outono.

O impetigo geralmente não é perigoso, mas as complicações raras incluem danos nos rins e celulite, uma infeção que pode ser fatal se se espalhar para os gânglios linfáticos e para a corrente sanguínea.

O ácido fusídico, um creme antibiótico, é habitualmente utilizado para tratar as infeções do impetigo, mas não funciona bem contra a estirpe MRSA.

É por isso que os médicos de toda a Europa precisam de saber se o vírus pode estar a espalhar-se nas suas comunidades, afirmam os investigadores.

"Acreditamos que é uma combinação destes fatores de virulência [ou genes], bem como a resistência à fusidina, que ajudou a tornar este novo tipo tão bem sucedido", disse Petersen.

O MRSA é apenas uma das muitas ameaças à saúde que estão a surgir devido à resistência aos antibióticos. As infeções causadas pelas chamadas superbactérias poderão matar mais de 39 milhões de pessoas em todo o mundo nos próximos 25 anos, de acordo com um estudo de referência publicado no ano passado.

A resistência aos antibióticos também afeta o sistema de saúde. Em conjunto, os 11 países onde a nova estirpe de MRSA foi identificada gastaram cerca de 13,3 mil milhões de dólares (11,4 mil milhões de euros) no tratamento de doentes hospitalares com infeções resistentes a medicamentos em 2022, de acordo com estimativas recentes do Centro para o Desenvolvimento Global.

Os investigadores dinamarqueses acreditam que a nova estirpe pode estar a espalhar-se sem ser detetada também noutras partes da Europa.

Já foi encontrada fora de hospitais e lares de idosos, que têm protocolos rigorosos para conter o MRSA, disse Petersen.

"A propagação do MRSA na comunidade é mais difícil de monitorizar e combater", acrescentou.