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Alternativas artificiais ao açúcar podem fazer com que o cérebro envelheça mais depressa

• Sep 5, 2025, 6:08 AM
4 min de lecture
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Os substitutos artificiais do açúcar, como o aspartame e a sacarina, normalmente encontrados em refrigerantes e sobremesas de baixas calorias, podem ter efeitos a longo prazo no cérebro, segundo um novo estudo.

De acordo com o estudo publicado na revista médica da Academia Americana de Neurologia, as pessoas que consumiram as quantidades mais elevadas de edulcorantes artificiais revelaram normalmente um declínio mais rápido das capacidades cognitivas, como o pensamento e a memória, do que as que consumiram as quantidades mais baixas.

O declínio foi cerca de 62 por cento mais rápido, o que equivale aproximadamente a 1,6 anos de envelhecimento, segundo a investigação.

"Os adoçantes sem ou de baixas calorias são muitas vezes vistos como uma alternativa saudável ao açúcar, no entanto, as nossas descobertas sugerem que certos adoçantes podem ter efeitos negativos sobre a saúde do cérebro ao longo do tempo", afirmou em comunicado a autora do estudo, Claudia Kimie Suemoto, professora associada da disciplina de geriatria da Universidade de São Paulo (Brasil).

O estudo analisou quase 13.000 adultos no Brasil, com uma idade média de 52 anos. Os investigadores acompanharam os participantes durante uma média de oito anos, realizando testes de memória, linguagem e capacidade de raciocínio no início, a meio e no final do estudo.

Os participantes foram divididos em três grupos de acordo com a quantidade de adoçantes artificiais que consumiam. O grupo que consumia menos consumia uma média de 20 mg/dia, enquanto o grupo que consumia mais consumia uma média de 191 mg/dia. Este valor é aproximadamente equivalente à quantidade de aspartame presente numa lata de refrigerante dietético.

A investigação incidiu sobre um grupo selecionado de edulcorantes artificiais, incluindo o aspartame, a sacarina, o acessulfame-K, o eritritol, o xilitol, o sorbitol e a tagatose.

Todos eles foram associados a um declínio cognitivo mais rápido, exceto a tagatose, para a qual não foi encontrada qualquer ligação.

A associação entre o declínio cognitivo e o consumo de adoçantes artificiais foi mais forte nos participantes com diabetes do que naqueles sem diabetes.

"Embora tenhamos encontrado ligações ao declínio cognitivo em pessoas de meia-idade com e sem diabetes, as pessoas com diabetes têm mais probabilidades de utilizar adoçantes artificiais como substitutos do açúcar", afirmou Suemoto.

No entanto, não foi observada qualquer associação entre o declínio da saúde cerebral e o consumo de adoçantes nos participantes com mais de 60 anos.

Os resultados não são uma surpresa: as preocupações com os efeitos negativos dos açúcares artificiais já estão a ser discutidas nas comunidades científica e médica.

Investigações anteriores já tinham apontado para os potenciais efeitos secundários dos adoçantes sem açúcar, incluindo o aumento do risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Além disso, produtos como o aspartame são classificados como possivelmente cancerígenos para os seres humanos pela Agência Internacional para a Investigação e o Cancro.

No entanto, o estudo também tem algumas limitações. Baseou-se em informações sobre a dieta comunicadas pelos participantes e analisou exclusivamente alguns edulcorantes sem açúcar. Além disso, o estudo destacou uma ligação entre o declínio cognitivo e a utilização de alternativas ao açúcar, mas não uma relação direta de causa e efeito.

Na União Europeia, as alternativas ao açúcar são submetidas a uma avaliação de segurança antes da sua comercialização no mercado comum, e a sua utilização deve ser indicada no rótulo de um alimento ou bebida.

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) está atualmente a reavaliar a segurança de todos os edulcorantes autorizados para utilização nos alimentos antes de janeiro de 2009.