Por que é que Donald Trump está a disparar contra Tom Hanks?

Donald Trump atacou o ator vencedor de um Óscar, Tom Hanks, referindo-se ao célebre artista como "destrutivo" e "woke".

A decisão surge na sequência do cancelamento - noticiado pelo The Washington Post - de uma cerimónia de entrega de prémios da Academia Militar dos Estados Unidos (West Point) na semana passada.

Hanks, que tem um longo historial de defesa dos veteranos, deveria receber o Prémio Sylvanus Thayer 2025 em 25 de setembro pelos seus "serviços e realizações no interesse nacional".

"Tom Hanks fez mais pelo retrato positivo do militar americano, mais pela assistência ao veterano americano, às pessoas que cuidam dele e à sua família, e mais pelo programa espacial americano e por todos os ramos do governo do que muitos outros americanos", afirmou o presidente do conselho de administração da associação, Robert McDonald, num comunicado de imprensa de junho sobre o prémio.

O coronel reformado do Exército Mark Bieger, presidente e diretor-executivo da associação, referiu que o cancelamento permitiria à instituição "continuar a concentrar-se na sua missão principal de preparar os cadetes para liderar, lutar e vencer como oficiais da força mais letal do mundo, o Exército dos Estados Unidos".

Não foi dada mais nenhuma explicação sobre a relação entre o cancelamento da cerimónia de entrega de prémios a um dos atores mais condecorados dos Estados Unidos (EUA) e a "concentração na sua missão principal".

Trump celebrou agora o desprezo com uma mensagem na sua plataforma digital Truth Social: "O nosso grande West Point (cada vez melhor!) cancelou inteligentemente a cerimónia de entrega de prémios ao ator Tom Hanks. Não precisamos de destinatários destrutivos e DESCONFIADOS a receber os nossos queridos prémios americanos!!! Esperemos que os Óscares da Academia, e outros Falsos Prémios, revejam as suas Normas e Práticas em nome da Equidade e da Justiça. Vejam as desastrosas audiências deles!"

West Point tornou-se um ponto central da cruzada contínua da Casa Branca para expurgar a nação de tudo o que é "woke". De facto, a administração Trump tem continuado a pressionar para eliminar os programas de diversidade em todo o governo e, no início deste ano, West Point dissolveu vários clubes de cadetes centrados na etnia, género, raça e sexualidade.

Em março, Trump assinou uma ordem executiva intitulada "Restabelecer a Verdade e a Sanidade na História Americana", que acusava o Smithsonian de estar sob a influência de uma "ideologia divisiva e centrada na raça" e apelava a que "removesse a ideologia imprópria" dos seus museus.

No mês passado, também noticiámos que Trump tinha revelado a lista de estrelas que serão homenageadas no 48º Kennedy Center Honors no final deste ano. Entre elas estão os roqueiros Kiss, o ator de Rocky, Sylvester Stallone, e a cantora de "I Will Survive", Gloria Gaynor. Trump afirmou que "recusou muitos" candidatos à lista de honra devido à sua política: "Eram demasiado woke".

Foi noticiado que Tom Cruise recusou o prémio de realização vitalícia.

No ano passado, o Prémio Sylvanus Thayer foi atribuído ao antigo presidente Barack Obama.

Quanto a Hanks, já foi nomeado membro honorário do Ranger Hall of Fame do Exército dos EUA e, em 2016, o ator recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade.