Ucrânia e Europa contrariam proposta russa de cessar-fogo que sugere a cedência de território

A Ucrânia "não dará à Rússia qualquer recompensa pelo que fez" e "os ucranianos não darão as suas terras ao ocupante", disse o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenskyy no sábado.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu anteriormente que um acordo de paz poderia incluir "alguma troca de territórios".

Uma proposta russa de cessar-fogo sugeriu a troca dos territórios ucranianos de Donetsk e Luhansk por um cessar-fogo total.

Citando dois funcionários europeus familiarizados com o assunto, o Wall Street Journal noticiou no sábado que os funcionários ucranianos e europeus responderam à proposta de cessar-fogo da Rússia com uma contraproposta.

A proposta, apresentada ao vice-presidente dos EUA, JD Vance, ao secretário de Estado Marco Rubio, ao enviado para a Ucrânia, Keith Kellogg, e a Steve Witkoff, reitera que a Ucrânia e a Europa devem ser envolvidas em quaisquer negociações com a Rússia, exigindo também que seja implementado um cessar-fogo antes de serem tomadas outras medidas.

A proposta foi apresentada numa reunião com altos funcionários dos EUA no Reino Unido, no sábado, de acordo com os funcionários.

E surge depois de Trump ter dito na sexta-feira que se iria encontrar com Vladimir Putin mesmo que o líder russo não se reunisse com Zelenskyy. A reunião Trump-Putin, agendada para a próxima sexta-feira no Alasca, é vista como um potencial avanço na guerra de mais de três anos.

Zelenskyy rejeitou a cimeira planeada, avisando que quaisquer negociações para acabar com a guerra na Ucrânia devem incluir Kiev.

"Todas as decisões que não incluam a Ucrânia são, ao mesmo tempo, decisões contra a paz. Não trarão nada. São decisões mortas. Nunca funcionarão", afirmou.

Numa declaração publicada no Telegram, Zelenskyy afirmou que a integridade territorial da Ucrânia, consagrada na Constituição, não deve ser negociável e sublinhou que uma paz duradoura deve incluir a voz da Ucrânia na mesa de negociações.

Os líderes europeus juntaram-se a Zelenskyy em declarações publicadas nas redes sociais.

O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que "o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos", acrescentando que "os europeus também têm de fazer parte da solução, uma vez que a sua própria segurança está em jogo".

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez eco do sentimento, acrescentando que "temos de alcançar uma paz justa e duradoura que respeite a independência e a soberania da Ucrânia".

Zelenskyy também falou com o presidente finlandês Alexander Stubb, agradecendo-lhe o seu apoio. "A Ucrânia e a Finlândia têm as fronteiras mais longas da Europa com a Rússia e o nosso povo sabe muito bem quais são as ameaças que isso acarreta", disse Zelenskyy num post no X.

A guerra continua

Entretanto, duas pessoas morreram e 16 ficaram feridas quando um drone russo atingiu um minibus nos subúrbios da cidade ucraniana de Kherson, no sábado, disse o governador regional Oleksandr Prokudin.

Duas outras pessoas morreram depois de um drone russo ter atingido o seu carro na região de Zaporizhzhia, de acordo com o governador regional Ivan Fedorov.

As tropas russas também dispararam drones contra a cidade de Kharkiv. Um deles atingiu uma loja de móveis e feriu cinco pessoas, informou o presidente da câmara de Kharkiv, Ihor Terekhov.

Entre os feridos encontra-se uma rapariga de 17 anos e três mulheres foram hospitalizadas, todas com ferimentos provocados por estilhaços.

A força aérea ucraniana afirmou ter intercetado 16 dos 47 drones russos lançados durante a noite, enquanto 31 drones atingiram alvos em 15 locais diferentes. A Força Aérea ucraniana também afirmou ter abatido um dos dois mísseis lançados pela Rússia.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as suas defesas aéreas abateram 97 drones ucranianos sobre a Rússia e o Mar Negro durante a noite e outros 21 na manhã de sábado.