Portugal ativa Mecanismo Europeu de Proteção Civil devido aos incêndios

Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e solicitou o apoio de quatro aviões Canadair. As autoridades tomaram a decisão numa altura em que a situação dos fogos agrave, registando-se mesmo a primeira vítima mortal.
“Esta foi a decisão em virtude dos acontecimentos desta noite, em virtude da dificuldade de supressão dos incêndios em curso”, anunciou ao início desta tarde o comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Mário Silvestre.
“Não sabemos se vai ser respondido e quando vai ser respondido”, acrescentou.
Menos de duas horas depois do anúncio, a presidente da Comissão Europeia escrevia no X que o apoio estava a ser mobilizado.
"A solidariedade europeia não conhece fronteiras", escreveu Ursula von der Leyen.
Também a presidente do Parlamento Europeu deixou uma palavra de solidariedade para Portugal.
"Na Europa, nenhum país está sozinho. A palavra solidariedade tem um significado real", escreveu Roberta Metsola no X.
Para já, há apenas a conformação que a Suécia decidiu enviar dois aviões Fire Boss, um anfíbio está preparado para combater as chamas. O secretário de estado da proteção Civil, aeronaves devem chegar este domingo, Rui Rocha.
Críticas ao primeiro-ministro
Estas movimentações estão a ser acompanhadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, que a meio da tarde entraram na sede da ANEPC, em Carnaxide, acompanhados pela ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral.
O primeiro-ministro decidiu interromper as férias, que estavam marcadas até à próxima sexta-feira (22 de agosto). Isto depois de ter sido muito criticado por ter passado os últimos dias na praia, no Algarve, enquanto decorriam fogos em várias regiões do país.
Na noite de sábado, Montenegro usou a festa do partido (PSD, de centro-direita) no Pontal, também no Algarve, para anunciar o regresso de Portugal à Fórmula 1, um anúncio que caiu mal junto de muitas pessoas, perante a situação de emergência que o país vive.
Também presidente da República disse ter interrompido as férias e regressado "ao Palácio de Belém, onde ficará nos próximos dias a acompanhar a grave situação dos incêndios rurais".
Primeiro morto confirmado
Enquanto Portugal pedia ajuda à comunidade europeia, a situação ia-se agravando. Na tarde desta sexta-feira, havia já 200 fogos ativos no país, que mobilizavam mais de 5700 bombeiros. Entre estes incêndios, 14 estavam em curso e os restantes em fase de conclusão e resolução.
Foi também durante esta tarde de sexta que se registou a primeira vítima mortal. O ex-autarca de Vila Franca do Deão Carlos Dâmaso morreu enquanto combatia as chamas num terreno onde mantinha gado.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse numa nota que "apresentou, ao princípio da tarde, sentidas condolências ao presidente da Câmara Municipal da Guarda pelo falecimento do antigo autarca Carlos Dâmaso, vítima de um incêndio que combatia na sua freguesia, solicitando que as transmitisse à família".
Espanha e Marrocos têm apoiado
Durante o anúncio do pedido de ajuda à União Europeia, o comandante da ANEPC explicou que Portugal tem vindo a pedir ajuda, no âmbito de acordos bilaterais, a Marrocos e a Espanha. No entanto, dois aviões enviados por Rabat regressam a Marrocos esta segunda-feira, Espanha está também em dificuldades em combater fogos em solo nacional e, ao contrário do que se esperava, a situação não melhorou durante a madrugada.
“Estávamos a contar com uma janela de oportunidade, estávamos a contar que, durante a noite de hoje, alguns destes incêndios ficassem, no fundo, não extintos, mas que situação operacional esta manhã fosse francamente melhor do que se está a verificar”, explicou.
Silvestre sublinhou sobretudo as dificuldades em controlar as chamas na Lousã.
“O incêndio da Lousã, que ontem começou durante a tarde, não conseguimos suprimir da forma como contávamos na noite de ontem”, explicou.
Ao fim da tarde desta sexta-feira, o incêndio da Lousã concentrava mais de 370 bombeiros, 97 viaturas e quatro meios aéreos.
Fogos "extremamente violentos"
Durante a tarde, também várias aldeias estiveram em risco. Foi o caso de Comaromeira, Agra Velha e Agra Nova, no município de Góis, onde já chegou o incêndio da Lousã. Também há notícias de aldeias cercadas nos concelhos da Guarda e Viseu.
O avanço das chamas em Sátão/Trancoso (agora tratado como o mesmo fogo) e em Arganil também levou à criação de sete zonas de apoio à população, como o apoio da Cruz Vermelhas e dos serviços municipais de proteção Civil.
“Foram também criadas sete zonas de concentração e apoio à população para garantir que todas as populações que têm necessidade de ser evacuadas em virtude dos incêndios têm zonas onde podem ser acolhidas, têm zonas onde podem, no fundo, descansar, passar a noite e ter a sua vida normal, dentro da normalidade possível”, explicou o comandante nacional Mário Silvestre.
O comandante nacional de Emergência e Proteção Civil disse ainda que estava a ser feito tudo para proteger as vidas e os bens das pessoas afetadas.
Também pediu às populações que não se coloquem em risco e evitem ir para as orlas florestal, uma vez que os incêndios são “extremamente violentos”.
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