Indonésia assinala 80 anos de independência. Está o país preparado para receber refugiados de Gaza?

A tradicional cerimónia de hastear da bandeira para assinalar o 80.º aniversário do Dia da Independência da Indonésia foi acompanhada no domingo por milhares de pessoas que estiveram em frente ao Palácio Merdeka em Jacarta, incluindo 16 mil convidados pelo governo. O presidente Prabowo Subianto dirigiu a cerimónia, pela primeira vez desde que tomou posse.
O tema das celebrações deste ano foi: "Unidos e soberanos, um povo próspero, uma Indonésia avançada", sublinha a unidade nacional como base para o desenvolvimento futuro e um grande exemplo desse “desenvolvimento” reflete-se na construção da nova capital Nusantara num local inóspito da ilha do Bornéu, a mais de 1000 km de Jacarta, que será totalmente convertido em área urbana.
Em 1945, a Indonésia declarou independência sobre os Países Baixos (então Holanda), que colonizou o território durante 300 anos. O anúncio unilateral por parte dos independentistas indonésios culminou num longo conflito armado. Os holandeses recusavam abandonar a colónia e tinham ordens para "limpar a colónia" dos guerrilheiros independentistas. A luta pela autonomia durou mais de quatro anos.
A Indonésia foi o primeiro país após a Segunda Guerra Mundial a lutar pela independência e a ser reconhecido pelas Nações Unidas, que tinham acabado de ser fundadas. Muitos países seguiram o exemplo.
A celebração do 80.º Dia da Independência da Indonésia entrou para a história com uma nova tradição. Pela primeira vez, o Kirab Bendera Pusaka, o desfile que transporta a sagrada bandeira vermelha e branca, contou com a participação de 145 cavalos.
Momentos antes do tradicional hastear da bandeira, acompanhado pelo toque do hino nacional “Indonesia Raya”, deu-se o desfile, Kirab Bendera Pusaka, o transporte da gigante bandeira vermelha e branca do país que contou, pela primeira vez, com a participação de 145 cavalos. A organização espera que a presença dos cavalos no transporte da bandeira se torne tradição, já que evoca o papel dos guerreiros que lutaram nas batalhas do passado.
As pessoas foram incentivadas a vestir trajes tradicionais neste dia de celebrações. Às 10h17 (hora local), o público foi instado a interromper todas as atividades e a manter-se atento enquanto "Indonesia Raya" era tocado simultaneamente em todo o país.
Pouco antes do início do hino, os dirigentes locais também fizeram soar as sirenes ou outros sinais sonoros para avisar as pessoas para se prepararem - exceto aquelas cujo trabalho não podia ser interrompido em segurança.
Líderes Mundiais felicitam Indonésia independente há 80 anos
O Presidente da China felicitou o Prabowo Subiranto pelos 80 anos de independência da Indonésia sobre os Países-Baixos. Xi Jinping destacou as relações bilaterais entre países. A China é atualmente um dos grandes parceiros económicos da Indonésia, sendo o principal patrocinador da construção da nova capital, Nusantara.
Jinping destacou ainda os 75 anos de relações bilaterais entre países. A China e a Indonésia têm mantido conversações sobre a comunidade China-Indonésia e assinaram recentemente vários memorandos de áreas como o turismo, agricultura, saúde e desenvolvimento tecnológico.
Os Estados Unidos da America também não esqueceram este dia tão importante para a Indonésia. Numa mensagem, Marco Rubio, felicitou o país pela independência obtida há 80 anos e realçou a relação entre os dois países que dura há 76 anos.
Tal como a China, o secretário de Estado norte-americano sublinhou a cooperação entre os dois países em “áreas vitais como a energia, o comércio, a tecnologia da informação e a segurança”, escreveu.
Indonésia poderá receber refugiados palestinianos
O embaixador da Palestina na Indonésia disse estar honrado por estar ao lado do presidente Subianto durante as cerimónias do 80.º Dia da Independência da Indonésia, mas recusou comentar sobre o plano de Subianto em receber refugiados palestinianos a pedido de Israel e EUA, quando questionado pelo jornal indonésio, Tempo.
Em abril, Subianto anunciou o plano de evacuação de mil habitantes de Gaza para a Indonésia. A informação surgiu após os meios de comunicação social israelitas terem noticiado que alguns países estavam prontos para os acolher.
O jornal israelita The Times of Israel informou em abril que o Governo israelita tinha contactado vários países para acolher os residentes de Gaza. Um alto funcionário israelita declarou que Israel tinha discutido a relocalização permanente dos residentes de Gaza com o Presidente dos EUA, Donald Trump, e que vários países estavam interessados em acolhê-los.
O plano voltou a surgir na Indonésia, no início de agosto.
O chefe do Gabinete de Comunicação Presidencial indonésio, Hasan Nasbi, declarou que o governo estava a preparar a ilha de Galang, na província das Ilhas Riau, como local para o tratamento dos refugiados de Gaza, adianta o Tempo.
Contudo, ainda não está claro se o plano vai avançar, nem em que moldes. Já que o mesmo tem levantado dúvidas. Se por um lado, o governo indonésio afirma que receberá os refugiados palestinianos apenas temporariamente, “para tratamento” e enquanto o conflito em Gaza durar. Outros levantam questões sobre se “os palestinianos serão aceites de volta” (por Israel) ou se quererão regressar a Gaza.
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