Comandantes da NATO têm "discussão franca" sobre garantias de segurança para a Ucrânia

Os chefes de defesa da NATO tiveram uma "discussão franca", na quarta-feira, sobre as garantias de segurança que poderiam oferecer a Kiev para ajudar a forjar um acordo de paz que ponha fim à guerra de três anos da Rússia contra a Ucrânia, disse um alto funcionário da aliança.
O almirante italiano Giuseppe Cavo Dragone, presidente do Comité Militar da NATO, afirmou que 32 chefes de defesa de toda a aliança realizaram uma videoconferência no contexto do esforço diplomático liderado pelos EUA para pôr fim aos combates.
Informou ainda que tiveram uma "ótima discussão franca".
"Agradeci a todos pela sua participação, sempre proativa, nestas reuniões: estamos unidos e essa unidade foi verdadeiramente tangível hoje, como sempre", afirmou numa publicação na rede social X, sem dar mais pormenores.
Garantias de que não será invadida novamente no futuro são uma das chaves para que a Ucrânia assine um acordo de paz com a Rússia.
O país quer ajuda ocidental para as suas forças armadas, incluindo armas e treino, para reforçar as suas defesas, e os responsáveis ocidentais estão a esforçar-se para definir o que podem oferecer.
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, criticou os esforços para se trabalhar em acordos de segurança na Ucrânia sem o envolvimento de Moscovo.
"Não podemos concordar com o facto de agora se propor resolver questões de segurança coletiva sem a Federação Russa. Isso não vai resultar", disse Lavrov, na quarta-feira, em comentários veiculados pela agência noticiosa estatal RIA Novosti.
A Rússia "assegurará os seus interesses legítimos com firmeza e de forma intransigente", acrescentou Lavrov numa conferência de imprensa em Moscovo.
O general norte-americano Alexus Grynkewich, comandante supremo aliado da NATO na Europa, que prestou aconselhamento durante a cimeira Trump-Putin na semana passada no Alasca, participou nas conversações virtuais, informou Dragone.
O general norte-americano Dan Caine, presidente do Estado-Maior Conjunto, também deveria participar, referiu um funcionário de defesa dos EUA.
Caine também se reuniu com chefes militares europeus, na terça-feira à noite, em Washington, para avaliar as melhores opções militares para os líderes políticos, de acordo com o oficial de defesa, que falou sob condição de anonimato.
Força de segurança ucraniana: os detalhes
O presidente dos EUA, Donald Trump, reuniu-se na passada sexta-feira com o homólogo russo, Vladimir Putin, no Alasca, e na segunda-feira recebeu, na Casa Branca, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e destacados líderes europeus, mas nenhuma das reuniões produziu progressos concretos.
Trump está a tentar levar Putin e Zelenskyy a chegar a um acordo, mais de três anos depois de a Rússia ter invadido o país vizinho, mas continuam a existir grandes obstáculos.
Entre eles estão as exigências da Ucrânia por garantias militares assumidas pelo Ocidente para assegurar que a Rússia não leve a cabo outra invasão no futuro.
"Precisamos de garantias de segurança sólidas para assegurar uma paz verdadeiramente segura e duradoura", afirmou Zelenskyy numa mensagem publicada no Telegram, na quarta-feira, após ataques com mísseis e drones russos terem atingido seis regiões da Ucrânia durante a noite.
Os aliados europeus de Kiev estão a tentar criar uma força que possa servir de apoio a qualquer acordo de paz, e uma coligação de 30 países, incluindo nações europeias, o Japão e a Austrália, comprometeu-se a apoiar a iniciativa.
Os chefes militares estão a estudar de que forma essa força de segurança poderá funcionar. O papel que os EUA poderão desempenhar ainda não é claro. Na terça-feira, Trump excluiu a possibilidade de enviar tropas americanas para ajudar a defender a Ucrânia contra a Rússia.
A Rússia tem afirmado, repetidamente, que não aceitaria a presença de tropas da NATO na Ucrânia.
Ataques a áreas civis em Sumy e Odessa durante a madrugada de quarta-feira feriram 15 pessoas, incluindo uma família com três crianças pequenas, informaram as autoridades ucranianas.
Os ataques russos também visaram portos e infraestruturas de combustível e energia, segundo as autoridades.
Zelenskyy salientou que os ataques "apenas confirmam a necessidade de pressionar Moscovo, a necessidade de introduzir novas sanções e tarifas até que a diplomacia funcione em todo o seu potencial".
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