Morte de uma adolescente de 17 anos nos Países Baixos suscita indignação sobre a violência contra as mulheres

O violento assassinato de uma adolescente holandesa, Lisa, de 17 anos, que regressava a casa de bicicleta depois de uma saída noturna com os amigos, provocou indignação nos Países Baixos e na Bélgica.
Um poema escrito pela atriz e autora neerlandesa Nienke Gravemade tem sido amplamente partilhado nas redes sociais, onde escreve que as mulheres têm o direito de se sentirem seguras e de circularem livremente à noite. O texto é acompanhado por uma hashtag, #reclaimthenight.
"A mala de mão vermelha. Estou sempre a pensar na mala vermelha. Como estava pendurada no guiador enquanto ela viajava durante a noite. Uma noite que também lhe pertencia, porque todos nós temos 24 horas no nosso dia. 24 horas que somos livres de usar como e onde quisermos", escreveu Gravemade numa publicação no Instagram.
Na madrugada de quarta-feira, Lisa deixou o centro de Amesterdão por volta das 3h30 da manhã, depois de uma saída noturna com amigos, e regressou a casa de bicicleta, na cidade vizinha de Abcoude. Quando reparou que alguém a estava a seguir, a jovem de 17 anos ligou para o número de emergência nacional.
A polícia conseguiu localizar a adolescente através do seu telemóvel, mas a ajuda chegou demasiado tarde. Quando a equipa de intervenção chegou ao local, às 4h15, o corpo sem vida de Lisa foi encontrado numa vala na berma da estrada em Duivendrecht, perto de Amesterdão, noticiaram os meios de comunicação social locais.
Na tarde de sexta-feira, a polícia holandesa anunciou que tinha surgido um suspeito na investigação da morte de Lisa. O homem de 22 anos foi detido na quinta-feira à noite por suspeita de envolvimento num crime sexual grave em Weesperzijde, um bairro de Amesterdão.
Manda-me uma mensagem quando estiveres em casa".
"Manda-me uma mensagem quando estiveres em casa, [...] eu partilho a minha localização em direto e apanho o caminho mais longo em vez de ir por essa estrada", lê-se noutro poema da autora holandesa Lois Kruidenier. Lois Kruidenier partilhou nas redes sociais uma experiência que é muito comum entre as mulheres.
"Calço os meus ténis antes de subir para a minha bicicleta sem luzes. Prendo o cabelo num carrapito ou enfio-o no casaco, tentando ser o mais invisível possível. Oiço música, mas muito baixinho. Vejo um homem sem olhar para ele e não paro nos sinais vermelhos porque isso demora muito tempo. Olá pai - grito para o meu telemóvel, mesmo que não esteja ninguém do outro lado da linha", continua o poema de Kruidenier.
O incidente reacendeu o debate sobre os efeitos nocivos da "culpabilização da vítima".
"Porque é que ela não apanhou um táxi com as amigas? Terá sido realmente inteligente pegar na bicicleta sozinha? Porque é que ela ainda estava a pedalar tão tarde da noite? Porque é que ela escolheu usar a bicicleta?", escreveu Gravemade no seu post, destacando alguns dos comentários comuns que as mulheres ouvem frequentemente quando a culpa é injustamente transferida para elas.
A autora holandesa admitiu sentir-se culpada logo após ter partilhado esses mesmos pensamentos, e sublinhou que a culpa não deve recair sobre as mulheres, mas sim sobre o agressor.
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