Chanceler alemão "preparado mentalmente" para que a guerra na Ucrânia se "arraste"

O chanceler alemão Friedrich Merz disse estar "mentalmente preparado" para que a guerra da Rússia na Ucrânia "se arraste por muito tempo", uma vez que "não tem ilusões" quanto ao desejo de Moscovo de acabar com ela agora.
Numa entrevista dada no domingo à emissora pública alemã ZDF, Merz disse que não perdeu a esperança num cessar-fogo ou num acordo de paz, "mas certamente não ao preço da capitulação da Ucrânia".
"A guerra poderia terminar amanhã se a Ucrânia se rendesse, desistisse e perdesse a sua independência", disse Merz, acrescentando que isso poderia levar Moscovo a sentir-se encorajado a invadir outro país. "Isso não é uma opção", explicou.
Nos últimos meses, Berlim, juntamente com outras nações ocidentais, tem estado a apoiar um novo esforço diplomático para pôr fim à guerra.
No entanto, Moscovo tem sido acusada de evitar negociações sérias e de arrastar os pés nos esforços de paz, na sequência da ausência de progressos após a cimeira EUA-Rússia no Alasca, em agosto.
Desde que a Rússia iniciou a sua invasão em grande escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Alemanha forneceu ou prometeu assistência militar num total de mais de 40 mil milhões de euros, o que faz de Berlim o segundo maior apoiante militar da Ucrânia, a seguir a Washington.
O apoio vai continuar, disse o chanceler alemão.
"A prioridade número um é apoiar o exército ucraniano para que possa defender o país a longo prazo. Essa é a prioridade absoluta e é o que vamos começar a fazer agora", sublinhou.
Não há conversações sobre o envio de tropas para o terreno
No domingo, Merz afirmou que as discussões atuais com os aliados não são sobre o envio de forças terrestres ocidentais para a Ucrânia, mas sim sobre potenciais garantias de segurança destinadas a fortalecer a Ucrânia após uma futura trégua.
"Ninguém está a falar de tropas terrestres na Ucrânia nesta altura", afirmou.
Os comentários de Merz surgem num momento-chave das conversações sobre um possível fim da guerra total de Moscovo, depois de as conversações lideradas pelos EUA terem estagnado e de os ataques russos se terem intensificado, matando dezenas de civis em toda a Ucrânia nos últimos dias.
Na sexta-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy expressou frustração com o que apelidou de falta de participação construtiva da Rússia.
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou recentemente que saberia dentro de semanas se o Kremlin estava a falar a sério sobre o início das negociações, mas muitos dos prazos anteriores de Trump passaram sem resolução.
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