Sánchez acusa Israel de "exterminar" o povo palestiniano e anuncia nove medidas contra o país

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, esteve esta segunda-feira no Palácio da Moncloa para anunciar uma série de nove medidas contra Israel face ao "genocídio em Gaza".
Fontes governamentais informaram no fim de semana que os parceiros da coligação, do Partido Socialista (PSOE) e Sumar, estiveram a negociar decisões contra Israel com a intenção de as aprovar na reunião do Conselho de Ministros de terça-feira.
"Espanha sempre apoiou o Estado de Israel. Mas da mesma forma que Espanha condenou os ataques do Hamas, condena agora os ataques a Gaza que causaram 63.000 mortos e uma subnutrição generalizada", afirmou o líder socialista.
Sánchez disse que pretende pressionar Benjamin Netanyahu para aliviar "o sofrimento da população palestiniana" e para que, "num dos episódios mais infames", Espanha esteja "do lado certo da história".
O primeiro-ministro espanhol começou o discurso admitindo o "sofrimento" dos judeus ao longo da história, com todo o tipo de "perseguições" e ataques, como a expulsão da península em 1492 ou o maior ataque de todos: o Holocausto. Reiterou também a condenação dos atentados do Hamas de 7 de outubro de 2023 e o reconhecimento por parte de Espanha do direito de Israel a ter o próprio Estado.
"Com igual convicção, acreditamos que uma coisa é proteger o nosso país e a nossa sociedade e outra é bombardear hospitais e matar crianças à fome", afirmou Pedro Sánchez. A operação militar em resposta aos ataques do Hamas transformou-se em novas ocupações ilegais do território palestiniano, em ataques injustificáveis contra a população civil, naquilo que a relatora especial da ONU e muitos peritos consideram ser um genocídio", acrescentou.
"63.000 mortos, 159.000 feridos, 250.000 pessoas em risco de subnutrição aguda e dois milhões de deslocados, metade dos quais crianças. Isto não é defender, nem sequer atacar, é exterminar um povo indefeso, violando as leis do direito humanitário", afirmou.
Entretanto, o Hamas diz querer negociar "imediatamente" um acordo que liberte todos os reféns em troca do fim da guerra em Gaza e garanta a retirada do exército israelita da zona, depois de ter recebido uma proposta dos Estados Unidos para uma trégua.
Estas são as nove medidas anunciadas para aliviar o sofrimento da população de Gaza:
Aprovação urgente de um decreto-lei que proíba a compra e venda de armas a Israel.
Proibição do trânsito pelos portos espanhóis de navios que transportem munições e armas para Israel.
Proibição de sobrevoar os céus espanhóis de meios de transporte que transportem material de defesa para Israel.
Proibição de entrada em território espanhol de pessoas diretamente envolvidas em genocídios.
Proibição de ocupações que forcem a deslocação forçada dos habitantes de Gaza.
Limitação dos serviços consulares prestados às pessoas que se encontram em colonatos ilegais.
Reforço do apoio à Autoridade Palestiniana, reforço das fronteiras e criação de novos projetos nos domínios da agricultura e da saúde.
Aumento da contribuição de Espanha para a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNWRA).
Aumento da dotação humanitária para 150 milhões de euros.
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