Emmanuel Macron nomeia Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro de França

Emmanuel Macron nomeou o ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, como o próximo primeiro-ministro do país.
De acordo com um comunicado de imprensa enviado pelo Palácio do Eliseu na terça-feira à noite, Macron "encarregou" Lecornu de "consultar as forças políticas representadas no parlamento para adotar um orçamento e desenvolver os acordos essenciais para as decisões nos próximos meses".
Lecornu já era cotado para o cargo no ano passado e sucederá François Bayrou, que foi destituído do cargo após perder uma votação de confiança crucial no Parlamento na segunda-feira.
Sébastien Lecornu terá agora de escolher o seu gabinete nos próximos dias. A passagem de poder entre Lecornu e Bayrou terá lugar na quarta-feira ao meio-dia em Paris, de acordo com a equipa do agora ex-primeiro-ministro.
"A resposta está nas ruas"
O anúncio surge também na véspera de protestos a nível nacional que visam paralisar os transportes, as escolas e a vida quotidiana.
"Emmanuel Macron está, portanto, a preparar-se para nomear um primeiro-ministro sem consultar os partidos políticos... A resposta está nas ruas. Amanhã", disse Marine Tondelier, líder do Partido Verde, pouco antes da nomeação de Lecornu.
"Só a saída de Macron pode pôr fim a esta triste comédia de desprezo pelo Parlamento, pelos eleitores e pela decência política", publicou o líder radical de esquerda Jean-Luc Mélenchon.
"O presidente está a disparar o último cartucho... entrincheirado com o seu pequeno grupo de leais", ironizou Marine Le Pen, copresidente do partido de extrema-direita Rassemblement National.
"Após as inevitáveis eleições antecipadas, o primeiro-ministro será Jordan Bardella", continuou, referindo-se ao seu protegido de 29 anos e deputado europeu.
O partido Rassemblement National tem apelado ao presidente francês para que dissolva a Câmara dos Deputados e convoque novas eleições parlamentares.
Mas a dissolução do parlamento poderia ter um resultado inconclusivo ou dar ainda mais assentos ao partido de extrema-direita Rassemblement National ou ao partido de extrema-esquerda La France Insoumise. Macron afirmou repetidamente que esta opção não é a sua primeira escolha.
Lecornu é um fiel apoiador da era Macron, que ocupa cargos na equipa do presidente desde 2017.
O novo primeiro-minis terá de resolver rapidamente a questão orçamental, que levou à queda dos seus dois antecessores.
No centro do confronto estavam as frágeis finanças públicas da França. O défice do ano passado atingiu 5,8% do PIB, quase o dobro do limite máximo da UE de 3%, enquanto a dívida nacional se situa agora em mais de 3,3 biliões de euros, cerca de 114% da produção económica.
Bayrou argumentou que cortes drásticos são inevitáveis, apresentando um plano para reduzir 44 mil milhões de euros em gastos até 2026, em parte através da eliminação de dois feriados públicos.
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