Roménia acusa ex-candidato presidencial Georgescu de tentativa de golpe de Estado

Os procuradores romenos acusaram, na terça-feira, o político ultranacionalista Călin Georgescu, que liderou as eleições presidenciais anuladas do ano passado, de tentativa de golpe de Estado.
Segundo a acusação, Georgescu e outras 21 pessoas planeavam pôr em perigo a segurança nacional e a ordem constitucional do país, depois de a vitória do candidato pró-russo na primeira volta das eleições, em novembro, ter sido considerada inválida.
Numa entrevista à Euronews Roménia, o antigo procurador-geral da Roménia, Augustin Lazăr, disse que Georgescu poderia enfrentar até 20 anos de prisão se fosse considerado culpado.
Um dos outros suspeitos é Horațiu Potra, um mercenário que organizou um grupo paramilitar na sequência de um encontro com Georgescu a 7 de dezembro, segundo os procuradores.
No dia anterior, o Tribunal Constitucional da Roménia anulara a primeira volta das eleições, depois de terem surgido alegações de violações eleitorais e de interferência russa. Moscovo rejeitou as acusações de interferência na votação e Georgescu negou qualquer irregularidade.
De acordo com a declaração do Ministério Público, o grupo paramilitar formado por Potra planeava instigar confrontos e levar a cabo "ações violentas de natureza subversiva".
Potra foi detido a 8 de dezembro quando viajava para Bucareste com um grupo de homens armados, segundo a imprensa local. Terá sido libertado sob condição de se apresentar à polícia, mas mais tarde fugiu do país.
Numa conferência de imprensa na terça-feira, o procurador-geral da Roménia, Alex Florența, disse que o paradeiro de Potra é desconhecido, mas que ele estava a tentar obter asilo na Rússia.
A Roménia tem sido alvo de "extensas campanhas híbridas" por parte da Rússia ao longo do último ano, com ciberataques e desinformação que procuram influenciar as eleições, acrescentou.
Em dezembro, as autoridades do país membro da UE e da NATO divulgaram documentos que alegavam que Moscovo tinha organizado uma vasta campanha nas redes sociais para promover a candidatura presidencial de Georgescu.
Florența alegou que Georgescu tinha beneficiado de campanhas de desinformação online em plataformas como o Facebook e o TikTok.
Georgescu foi impedido de participar na tensa repetição das eleições, realizada em maio. A eleição acabou por ser ganha pelo candidato pró-UE Nicușor Dan, à frente do líder da extrema-direita George Simion. Georgescu anunciou entretanto a sua retirada da política.
Na terça-feira, Dan escreveu no X, dizendo que a investigação do Ministério Público mostrou como as ações da Rússia "apoiaram diretamente um candidato pró-Kremlin na corrida eleitoral".
"A Roménia não vai tolerar qualquer interferência estrangeira no seu processo democrático", afirmou.
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