Portugal não vai enviar navio para acompanhar flotilha humanitária que segue para Gaza

O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, informou que Portugal não vai disponibilizar navios para acompanhar a flotilha humanitária Global Sumud, que está a navegar em direção a Gaza, e onde seguem a coordenadora nacional do partido Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.
À margem da Assembleia Geral da ONU, a decorrer em Nova Iorque, o chefe da diplomacia portuguesa, em esclarecimento à agência Lusa sobre o tema, destacou que "não há nenhum plano extra" para responder aos relatos de ataques a algumas das embarcações que integram a missão, tal como tem sido reportado por alguns dos participantes na iniciativa.
Paulo Rangel assegurou, no entanto, que Portugal está em contacto com as autoridades italianas, para que os navios mobilizados por esse país para acompanhar a missão possam fornecer proteção consular e humanitária a Mariana Mortágua, a Miguel Duarte e a Sofia Aparício, os três portugueses que integram a flotilha. Alertou, no entanto, que os "riscos são conhecidos" e que "todas as pessoas estão conscientes deles", segundo a agência noticiosa nacional.
A posição de Portugal difere, desta forma, da adotada por Itália e Espanha, que nos últimos dias anunciaram a mobilização de navios das suas Marinhas para garantir a segurança da missão. A iniciativa partiu de Roma, através da disponibilização de duas fragatas para esse fim. Já Madrid veio depois anunciar o destacamento de um patrulheiro para se juntar aos esforços.
Anúncios que surgiram na sequência das sucessivas denúncias, por parte de alguns membros integrantes da flotilha humanitária, de vários ataques, nomeadamente de drones, a alguns dos navios que a compõem. Acusam Telavive de estar por detrás das investidas, embora as alegações sejam negadas pelas autoridades desse país.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros referiu ainda, nesse momento, que os dirigentes italianos alcançaram um acordo de mediação com as autoridades israelitas e com a Igreja Católica, possibilitando que os bens essenciais que estão a ser transportados pela flotilha Global Sumud possam ser deixados em Chipre e, num segundo momento, carregados para Gaza por via do Patriarcado Latino de Jerusalém. "Uma solução" que, na ótica de Paulo Rangel, é "viável" e pode evitar "outros riscos" a que a missão humanitária pode estar sujeita.
De recordar que a flotilha humanitária Global Sumud partiu de Barcelona no início de setembro. Trata-se de uma frota civil, composta por mais de 50 pequenas embarcações de 44 países, que pretende quebrar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, que se asseverou após o ataque levado a cabo pelo Hamas sobre território israelita, em outubro de 2023.
Ao contrário do que tem vindo a ser alegado pelos dirigentes israelitas, que afirmam que esta se trata de uma missão promovida pelo Hamas que leva armamento a bordo, os organizadores asseguram que nas embarcações segue apenas material de ajuda humanitária.
Segundo o Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental da Organização das Nações Unidas, numa nota publicada em meados de setembro, pelo menos duas mil pessoas tinham morrido, nos últimos tempos, em Gaza por razões relacionadas com a fome, enquanto procuravam ajuda alimentar.
As crianças destacavam-se entre os grupos etários mais vulneráveis, com uma em cada cinco a ter sido diagnosticada com desnutrição aguda, no mês de agosto, na Cidade de Gaza.
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