Países lançam coligação internacional para financiar Autoridade Nacional Palestiniana

Onze países anunciaram esta sexta-feira a criação de uma coligação internacional de emergência para apoiar financeiramente a Autoridade Nacional Palestina (ANP), em resposta à crise económica sem precedentes que a instituição atravessa.
O acordo, firmado entre Bélgica, Dinamarca, França, Islândia, Irlanda, Japão, Noruega, Arábia Saudita, Eslovénia, Espanha, Suíça e Reino Unido visa preservar a capacidade da ANP de governar, garantir serviços básicos e manter a segurança nos territórios palestinianos.
O anúncio surge um dia depois de o presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, ter afirmado perante a Assembleia Geral da ONU que a Autoridade Palestina está "preparada para assumir toda a responsabilidade pela governação e segurança" de Gaza, prometendo que o Hamas não terá qualquer papel num eventual governo quando terminar a atual guerra com Israel.
Segundo explica um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol, a medida tem por objetivo "estabilizar as finanças da Autoridade Palestina e preservar a sua capacidade de governar, prestar serviços essenciais e manter a segurança, todos eles indispensáveis para a estabilidade regional e para preservar a solução de dois Estados":
De acordo com a diplomacia espanhola, os membros já realizaram "importantes contribuições financeiras" e comprometeram-se a um "apoio sustentado" como investimento na paz e na estabilidade.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 12 países exigiram ainda a Israel que "libertasse imediatamente todas as receitas palestinianas" e cessasse todas as medidas que pudessem enfraquecer a Autoridade Palestiniana.
O acordo estabelece que a ajuda não se deve limitar a ações pontuais, mas sim a uma abordagem sustentável e coordenada, com total transparência e responsabilização, apoiada por instituições financeiras internacionais e parceiros-chave.
Impunidade em Gaza
Paralelamente à iniciativa financeira liderada pela Espanha, mais de 30 países participaram nesta sexta-feira, em Nova Iorque, de uma reunião do Grupo de Haia, uma coligação que busca coordenar um plano de ação contra a "impunidade" de Israel na Faixa de Gaza. O encontro foi realizado paralelamente à Assembleia Geral da ONU e contou com a presença de representantes da Espanha, bem como da Turquia, Catar, Brasil, México, Noruega e Arábia Saudita, entre outros.
Os participantes apresentaram um pacote de medidas legais, diplomáticas e económicas destinadas a reforçar a responsabilização internacional. Entre elas figuram o embargo de armas a Israel, a proibição de escalas portuárias para navios com material bélico, a revisão de contratos públicos com entidades que apoiam a ocupação e a possibilidade de um embargo energético.
Os governos da Colômbia e da África do Sul, líderes da iniciativa, defenderam que essas ações devem ser consideradas "vinculativas" e não meramente voluntárias, uma vez que são apoiadas pela Convenção sobre Genocídio, pelas opiniões consultivas do Tribunal Penal Internacional e por várias resoluções das Nações Unidas. "A história nos julgará não pelos discursos que proferimos, mas pelas ações que tomamos", alertaram em um comunicado conjunto.
O embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, classificou a reunião como um possível "ponto de inflexão" nos esforços para exigir responsabilidades a Israel, segundo relatos da imprensa internacional. Na sua opinião, a prestação de contas é um passo fundamental para fazer justiça ao povo palestino, num contexto marcado pelo recente relatório da Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU que acusa Israel de perpetrar um genocídio em Gaza.
Médicos Sem Fronteiras suspendem atividade na Cidade de Gaza
Na Faixa de Gaza, crise humanitária agrava-se todos os dias e hoje ficou ainda pior. A organização Médicos Sem Fronteiras suspendeu a atividade na Cidade de Gaza, justificando a decisão com a intensificação da ofensiva israelita no território palestiniano.
"Não tivemos outra alternativa senão suspender as nossas atividades, uma vez que as nossas clínicas foram cercadas pelas forças israelitas. Era a última coisa que queríamos, uma vez que as necessidades em Gaza são enormes", explicou Jacob Granger, coordenador de emergência dos MSF em Gaza, num comunicado.
O coordenador de emergência da MSF em Gaza, explicou ainda que, embora muitas pessoas tenham fugido para o sul devido às ordens de evacuação israelitas, ainda há centenas de milhares na Cidade de Gaza que não têm escolha a não ser permanecer na zona.
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