EUA revogam visto do Presidente da Colômbia por comentários "incitadores e imprudentes" num protesto a favor da Palestina

Os Estados Unidos disseram que iriam revogar o visto do presidente colombiano Gustavo Petro depois de este ter instado os soldados a desobedecerem às ordens do presidente norte-americano Donald Trump durante uma manifestação pró-Palestina em Nova Iorque, na sexta-feira.
Os comentários foram feitos durante a visita do líder colombiano à cidade para participar na semana de alto nível da Assembleia Geral da ONU, que termina no sábado.
O Departamento de Estado norte-americano afirmou, num post no X, que o presidente Petro "esteve numa rua de Nova Iorque e incitou os soldados norte-americanos a desobedecerem a ordens e a incitarem à violência". "Iremos revogar o visto de Petro devido às suas ações imprudentes e incendiárias", disse o Departamento.
Petro, falando em espanhol para uma multidão de manifestantes que faziam campanha pelos palestinianos no meio da ofensiva de quase dois anos de Israel em Gaza, apelou à criação de uma força armada global "maior do que a dos Estados Unidos", com a prioridade de "libertar os palestinianos".
"É por isso que daqui, de Nova Iorque, peço a todos os soldados do exército dos Estados Unidos que não apontem as suas armas às pessoas. Desobedeçam às ordens de Trump. Obedeçam às ordens da humanidade", disse Petro no protesto realizado em frente à sede da ONU em Manhattan.
De acordo com a imprensa local, o presidente colombiano já estava a caminho da capital do seu país, Bogotá, na sexta-feira à noite, quando o Departamento de Estado anunciou a revogação do seu visto.
Anteriormente, Petro partilhou no seu perfil do X um vídeo em que se dirigia aos manifestantes com um megafone, no qual apelava a uma posição contínua contra aquilo a que chamou um genocídio que se desenrola em Gaza.
O líder colombiano tem-se manifestado contra a guerra conduzida por Israel na Faixa de Gaza, que se aproxima dos dois anos de duração e na qual foram mortos pelo menos 65 659 palestinianos, segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde de Gaza.
No discurso que proferiu esta semana na Assembleia Geral da ONU, Petro atacou o líder norte-americano na terça-feira, chamando-o de "cúmplice de genocídio".
O ministro do Interior do país, Armando Benedetti, criticou Washington por ter revogado o visto de Petro e, num post no X, disse que a ação tinha motivações políticas, defendendo que o presidente colombiano é um dos poucos que "ousou denunciar o genocídio contra a Palestina na ONU".
Benedetti acusou ainda os EUA de protegerem o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, sugerindo que o seu visto deveria ser revogado.
"Mas eles protegem Netanyahu. Petro atreveu-se a dizer a verdade na cara dos Estados Unidos e do mundo", afirmou Benedetti.
Petro tem estado em desacordo com o seu homólogo norte-americano em várias ocasiões desde que Trump regressou à Sala Oval, a 20 de janeiro. No início deste ano, Petro acusou Trump de tratar os colombianos como criminosos, uma vez que a nova administração dos EUA procurava reprimir a migração ilegal.
Também se recusou a aceitar cidadãos colombianos expulsos pelas rusgas de imigração de Trump, mas entretanto inverteu o rumo, concordando em aceitar os migrantes.
Mais recentemente, denunciou os ataques de Trump no Pacífico contra o que a Casa Branca diz ser "barcos de droga", apelando a "processos criminais" sobre esses ataques, que, segundo ele, podem ter matado colombianos.
Today