Partido pró-UE vence eleições parlamentares decisivas na Moldova

O Partido Ação e Solidariedade (PAS) da Moldova, pró-europeu, conquistou uma clara vitória e uma nova maioria nas eleições parlamentares de domingo, consideradas cruciais para o futuro do país no seu caminho para a adesão à UE.
Com quase todas as urnas apuradas, os dados eleitorais mostraram que o Partido Ação e Solidariedade obteve 50,1% dos votos, enquanto o Bloco Eleitoral Patriótico, pró-Rússia, obteve 24,2%.
O Movimento Alternativa, pró-Rússia, ficou em terceiro lugar, seguido pelo populista Nosso Partido. O partido de direita Democracia em Casa também obteve votos suficientes para entrar no parlamento.
Os dados eleitorais indicam que o PAS terá uma maioria clara, de cerca de 55 dos 101 assentos, na legislatura. A proposta de governo tem de ser aprovada pelo parlamento.
Um dos líderes da oposição pró-russa, Igor Dodon, pediu ao seus apoiantes para que participassem num comício em frente ao parlamento da Moldova para consolidar a vitória antes de começarem a ser conhecidos os resultados.
No final, tornou-se claro que o partido de Sandu iria deter a maioria dos assentos legislativos.
A grande diáspora moldava parecia suscetível de desempenhar um papel decisivo no resultado final.
Na segunda volta das presidenciais do ano passado - que também foi vista como uma escolha entre o Leste e o Oeste - um número recorde de 327 mil eleitores votaram no estrangeiro, mais de 82% dos quais favoreceram Sandu.
Depois de votar no domingo, Sandu reiterou as alegações de longa data de que a Rússia "interferiu maciçamente" nas eleições, disse que votou "para manter a paz" e insistiu que o futuro do seu país está na UE.
Ameaças de bomba
Numa demonstração das fortes tensões eleitorais, os moldavos enfrentam múltiplas alegações de irregularidades enquanto votam.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Moldova afirmou que as ameaças de bomba visaram mesas de voto na Roménia, Espanha, Itália e Estados Unidos.
A polícia deteve três pessoas suspeitas de pertencerem aos serviços de segurança da região separatista pró-russa da Moldova, a Transnístria, que alegadamente planeavam causar "desestabilização e desordem em massa".
"São alegados líderes responsáveis pela coordenação, controlo e abastecimento logístico dos grupos", disse a polícia, acrescentando que encontraram material pirotécnico e inflamável que os suspeitos tencionavam utilizar para provocar o pânico e o caos.
Durante a votação, Sandu afirmou, num discurso no Facebook, que as autoridades também tinham recebido várias denúncias de eleitores transportados ilegalmente para assembleias de voto no estrangeiro, "obviamente em troca de dinheiro", e casos de votos em branco retirados das assembleias de voto para mais tarde serem "reintroduzidos já carimbados".
Igor Grosu, líder do PAS, afirmou, após o encerramento das urnas, que "as tentativas da Rússia de sequestrar o processo eleitoral foram enormes" e que as instituições estatais fizeram esforços para garantir a segurança e a integridade da votação.
A Rússia tem negado repetidamente a intromissão na Moldova e rejeitou as alegações na semana passada como "sem fundamento". Dodon, enquanto votava, negou as alegações de "interferência maciça".
Na semana passada, o primeiro-ministro da Moldova, Dorin Recean , avisou que a Rússia estava a gastar milhões para "tomar o poder" nas eleições, através de esquemas de compra de votos em grande escala e de milhares de ataques cibernéticos a infraestruturas governamentais críticas.
Dias antes do início da votação, a polícia levou a cabo centenas de rusgas, detendo dezenas de pessoas alegadamente treinadas na Sérvia para provocar "motins em massa" e desestabilizar o país.
Sandu classificou a votação como a "eleição mais importante da Moldova".
"O seu resultado irá decidir se consolidamos a nossa democracia e aderimos à UE ou se a Rússia nos arrasta de novo para uma zona cinzenta, tornando-nos um risco regional", escreveu numa publicação na rede social X.
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