Primeiro-ministro da Geórgia diz que o caminho para a adesão à UE continua "firme e irreversível"

Numa altura em que a Geórgia se prepara para as eleições autárquicas de 4 de outubro, o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze tomou a iniciativa de reafirmar o empenho do seu governo no processo de adesão à UE.
Num artigo de opinião escrito em exclusivo para a Euronews, Kobakhidze afirma que o caminho da Geórgia para a adesão à UE "permanece firme e irreversível" e que o objetivo de Tbilisi de aderir à União Europeia até 2030 é "realista e alcançável", com base nas reformas levadas a cabo até agora pelo seu governo.
O líder georgiano aproveitou a ocasião para sublinhar também o ponto-chave do seu governo nas relações tensas entre Tbilisi e a União Europeia, depois de ambas as partes terem feito uma pausa nas conversações de adesão do país do Cáucaso do Sul à UE.
"Estou confiante de que, nos próximos anos, a abordagem em relação à Geórgia se tornará mais justa e mais baseada no mérito, refletindo tanto as reformas que empreendemos como os progressos tangíveis que alcançámos", afirmou Kobakhidze, no artigo de opinião publicado na quarta-feira pela Euronews.
Kobakhidze considera que "a importância estratégica da Geórgia está a crescer rapidamente" e que o país cumpre "todas as obrigações decorrentes do Acordo de Associação e da Zona de Comércio Livre Abrangente e Aprofundado com a UE".
A UE concedeu à Geórgia o estatuto de candidato em dezembro de 2023, mas suspendeu indefinidamente o seu processo de candidatura à adesão e cortou o apoio financeiro em junho passado, após a aprovação de uma lei sobre "influência estrangeira" que o bloco considerou ser de inspiração russa e autoritária, no contexto de protestos em larga escala contra o governo na capital do país,Tbilisi.
Depois de vencer as eleições legislativas em outubro, Kobakhidze anunciou que a Geórgia iria suspender as discussões sobre a sua candidatura à UE até 2028, devido ao que o primeiro-ministro descreveu então como "chantagem e manipulação" por parte de alguns políticos do bloco.
Em entrevista à Euronews, em novembro, Kobakhidze disse que a bola estava do lado de Bruxelas, sublinhando que continuava "muito otimista" quanto à adesão do seu país à UE até 2030, descrevendo-a como um objetivo estratégico fundamental para a Geórgia. Desde então, um gradual descongelamento das relações entre a Geórgia e a UE abriu um novo caminho para negociações ativas.
No seu artigo de opinião publicado na Euronews na quarta-feira, o primeiro-ministro georgiano tomou a iniciativa de sublinhar a posição do seu país em relação à Rússia, afirmando que "o povo georgiano compreende perfeitamente o custo profundo da guerra - 20% do nosso território continua sob ocupação russa".
Em seguida, Kobakhidze faz uma declaração fundamental sobre a posição do seu governo nesta matéria, afirmando que a Geórgia "continua inabalavelmente empenhada em procurar uma resolução pacífica, reconhecendo plenamente que a paz é o único caminho viável", mas conclui com a mensagem clara de que "o caminho da Geórgia é europeu, pacífico e baseado em princípios".
"Estamos a fazer a nossa parte. Continuamos firmes na reforma, empenhados nas nossas obrigações e concentrados na obtenção de resultados. À medida que a nossa democracia se aprofunda e o nosso papel estratégico se expande, esperamos que os nossos parceiros europeus vejam a Geórgia como um país que está a ajudar a moldar o futuro da Europa", afirmou o primeiro-ministro georgiano no seu editorial.
A Geórgia está a caminho de umas eleições autárquicas disputadas a 4 de outubro, numa altura em que a atual turbulência política continua a afetar o país.
Uma grande parte dos partidos da oposição decidiu boicotar estas eleições, alegando que o partido no poder, o Sonho Georgiano, não tem legitimidade para governar o país na sequência das últimas eleições gerais.
No seu artigo de opinião publicado na Euronews, o primeiro-ministro Kobakhidze critica os seus opositores, afirmando que "alguns atores políticos, sem qualquer visão para além do confronto, estão a tentar transformar o processo democrático num instrumento de desestabilização".
Afirma que a confiança no partido Sonho Georgiano "continua a crescer", uma vez que, "nos últimos quatro anos, a Geórgia emergiu como uma das economias de mais rápido crescimento na vizinhança europeia".
"Mas a democracia não é apenas uma questão de protesto - é também uma questão de desempenho. E o desempenho do nosso governo tem sido claro: protegemos o crescimento económico, investimos no nosso povo e preservamos a paz numa região difícil", salienta o líder georgiano.
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