Espanha: milhares de estudantes juntam-se em protesto contra "genocídio" em Gaza

Milhares de estudantes do ensino secundário e universitário em toda a Espanha esvaziaram as suas salas de aula nesta quinta-feira, para se juntarem à greve convocada pela União dos Estudantes, que denunciou o que descreve como "genocídio contra o povo palestiniano".
O protesto acontece um dia depois de a marinha israelita ter intercetado 13 barcos da Flotilha Global Sumud com destino a Gaza, um episódio que intensificou as mobilizações internacionais.
A organização estudantil tinha apelado a uma greve geral de 24 horas na educação, acompanhada de manifestações em mais de 40 cidades do país.
"Esvaziem as salas de aula, encham as ruas e acabem com o genocídio contra o povo palestiniano", afirmou o sindicato no seu comunicado oficial, justificando o apelo com a situação humanitária na Faixa de Gaza.
Durante o dia, milhares de jovens marcharam em cidades como Madrid, Barcelona, Bilbau, Sevilha e Valência, exibindo cartazes de apoio à Palestina e apelando ao Governo espanhol para que rompa relações diplomáticas com Israel e cesse o fornecimento de armas.
O apelo foi apoiado pela Flotilha Global Sumud, que encorajou as pessoas a juntarem-se à greve como uma demonstração de solidariedade global. Na sua avaliação, a União dos Estudantes declarou que a greve foi "maciça" em muitas escolas e que a greve serviu para tornar visível a rejeição da juventude espanhola à ofensiva militar em Gaza. "Os jovens de todo o Estado disseram basta ao genocídio sionista. Hoje foi um dia histórico de luta", sublinhou a organização.
Os protestos de quinta-feira fazem parte de uma série de mobilizações internacionais em solidariedade com a Palestina e coincidem com a atenção global à situação humanitária em Gaza.
Em Portugal, estão programadas manifestações para a tarde desta quinta-feira em várias cidades contra a detenção dos ativistas. Em Lisboa, o protesto deverá começar pelas 18h00 junto à embaixada israelita. Segundo os organizadores, os protestos pretendem "dar visibilidade à situação e reforçar a exigência de medidas concretas" ao governo português.
Israel já confirmou que todos os barcos da flotilha foram intercetados, quando navegavam em direção à Faixa de Gaza com ajuda humanitária. Entre os tripulantes encontram-se dezenas de ativistas internacionais, incluindo Greta Thunberg. Entre os ocupantes encontam-se quatro portugueses.
Os organizadores denunciam que a abordagem foi efetuada com canhões de água, potentes holofotes e sons de atordoamento.
A interceção suscitou protestos em várias cidades europeias, em solidariedade com a tripulação e em rejeição do bloqueio marítimo imposto por Israel há mais de 15 anos.
Espanha reagiu convocando o encarregado de negócios israelita em Madrid para exigir explicações e garantias de segurança para os seus cidadãos que viajavam nos navios da Flotilha.
Pedro Sánchez apoiou publicamente esta posição e apelou a Israel para que respeite os direitos dos activistas, assegurando que será prestado apoio consular e diplomático.
O que diz Israel?
O governo israelita justificou a interceção da flotilha alegando que os navios estavam a tentar violar o bloqueio marítimo imposto a Gaza. As autoridades de Telavive afirmam que a operação foi necessária por razões de segurança e que os tripulantes detidos serão deportados de forma ordenada nos próximos dias.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita acusou os organizadores da Global Sumud Flotilla de "provocação política", alegando que a ajuda humanitária pode ser canalizada através de canais oficiais e supervisionados. De acordo com a sua versão, a operação decorreu "sem incidentes graves" e em conformidade com os protocolos internacionais.
Israel recorda que mantém um bloqueio marítimo a Gaza desde 2007, com o objetivo, segundo o seu governo, de impedir o fornecimento de armas ao Hamas e a outros grupos armados na Faixa. A medida, no entanto, tem sido repetidamente criticada por organismos internacionais e organizações humanitárias, que denunciam o seu impacto devastador na população civil palestiniana.
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