Israel e Hamas chegaram a um acordo para implementar a primeira fase do plano de paz em Gaza, afirma Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na madrugada desta quinta-feira que Israel e o Hamas chegaram a acordo e "assinaram" a primeira fase do seu plano de paz para Gaza. O anúncio foi feito depois de os negociadores de ambas as partes terem concluído o terceiro dia de conversações de paz indiretas no Egito.

Numa publicação na sua própria plataforma de comunicação social, Truth Social, Trump partilhou que ambas as partes aceitaram um acordo apresentado pela sua administração, representando o maior avanço em meses na devastadora guerra em Gaza, que entrou no seu terceiro ano há apenas alguns dias.

"Estou muito orgulhoso de anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso plano de paz", escreveu Trump.

A primeira fase do "plano de paz de 21 pontos" de Trump exige a cessação imediata das hostilidades, bem como a libertação de todos os reféns que ainda se encontram em cativeiro em Gaza, em troca de centenas de prisioneiros palestinianos detidos em centros de detenção israelitas.

"Isto significa que TODOS os reféns serão libertados muito em breve e que Israel retirará as suas tropas para uma linha acordada como os primeiros passos para uma paz forte, duradoura e eterna".

Trump sublinhou que o acordo, que classificou de "histórico", irá garantir o "tratamento justo" de todas as partes envolvidas. O presidente dos EUA observou que o acordo foi facilitado através de aliados regionais dos EUA, incluindo o Qatar, o Egito e a Turquia.

"Todas as partes serão tratadas de forma justa! Este é um GRANDE dia para o mundo árabe e muçulmano, para Israel, para todas as nações vizinhas e para os Estados Unidos da América, e agradecemos aos mediadores do Qatar, do Egito e da Turquia, que trabalharam connosco para que este acontecimento histórico e sem precedentes se concretizasse. ABENÇOADOS SEJAM OS PACIFICADORES!"

Israel e o Hamas confirmaram separadamente os contornos do acordo. O acordo prevê que o Hamas liberte os 20 reféns vivos nos próximos dias, bem como os corpos de mais 28 reféns mortos.

Por sua vez, as forças armadas israelitas iniciarão uma retirada da maior parte da Faixa de Gaza, suspenderão imediatamente os ataques ao enclave e "prepararão o clima" para operações de ajuda humanitária alargadas em toda a Faixa, a fim de reabastecer a população local, que há meses se debate com uma escassez terrível de bens de primeira necessidade.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que "com a ajuda de Deus, vamos trazê-los a todos para casa", numa mensagem publicada no X pouco depois do anúncio de Trump.

Numa publicação separada, o primeiro-ministro israelita referiu que o acordo é uma "vitória nacional e moral para o Estado de Israel" e elogiou-o como um "sucesso diplomático".

"Desde o início, deixei claro: não descansaremos até que todos os nossos reféns regressem e todos os nossos objetivos sejam alcançados", continuou.

"Através de uma determinação firme, de uma ação militar poderosa e dos grandes esforços do nosso grande amigo e aliado, o presidente Trump, chegámos a este ponto de viragem crítico."

Por sua vez, o Hamas pediu a Trump e aos mediadores que garantam que Israel implemente "sem repúdio ou atraso" um acordo que, segundo ele, exigiria a retirada das tropas israelenses de Gaza, a entrada de ajuda no território e a troca de prisioneiros por reféns.

Na segunda-feira, o grupo sediado em Gaza afirmou que não libertará os restantes reféns sem um cessar-fogo duradouro e que garante que a guerra não será retomada após a libertação dos reféns. Não é claro se Israel concordou em dar essas garantias nesta altura.

O anúncio de Trump também não deixa claro os progressos alcançados nos aspetos mais polémicos do seu plano, como o desarmamento do Hamas - uma exigência que o grupo tem repetidamente recusado aceitar - e a nomeação de um governo provisório estrangeiro em Gaza.

A guerra começou depois de o Hamas ter efetuado um ataque ao sul de Israel, matando 1.139 pessoas e fazendo 251 reféns em 7 de outubro de 2023.

Israel respondeu com uma guerra contra Gaza, que matou pelo menos 67 183 palestinianos em dois anos de ataques, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas, cujos números não distinguem entre vítimas civis e combatentes.

A ONU afirma, no entanto, que mais de dois terços das mortes que conseguiu verificar de forma independente eram mulheres e crianças.