Portugueses chamados às urnas nas autárquicas mais disputadas de sempre

Os portugueses votam este domingo para os órgãos de poder local, numas eleições autárquicas decisivas em que, pela primeira vez, a extrema-direita tem uma possibilidade real de eleger presidentes de Câmaras Municipais, em especial nas regiões do Alentejo e do Algarve. O Chega aposta em alguns dos nomes mais sonantes do partido, incluindo vários deputados, como candidatos em algumas das cidades mais importantes do país, como Pedro Pinto em Faro ou Rita Matias em Sintra. Os candidatos do Chega estão mesmo em empate técnico com os do PS e PSD em cidades como Sintra ou Setúbal.
Nas duas principais cidades do país, esperam-se disputas taco-a-taco entre os candidatos da coligação governamental AD (PSD-CDS) e do Partido Socialista, que concorre sozinho no caso do Porto e numa ampla coligação no caso de Lisboa.
Lutas renhidas em Lisboa e Porto
O atual líder da autarquia lisboeta, Carlos Moedas (antigo comissário europeu), tenta obter um segundo mandato, mas a coligação liderada pelo PS, com Alexandra Leitão (ex-ministra e líder da bancada parlamentar) como principal candidata, ameaça estragar-lhe os planos. Moedas foi eleito com uma margem mínima em 2021, após 14 anos de governação socialista da capital.
A tragédia do Elevador da Glória foi um golpe duro para o edil lisboeta e veio baralhar os planos de reeleição de Moedas. Já Alexandra Leitão, que pretende vir a ser a primeira mulher a presidir à autarquia da capital, pode ser penalizada pela candidatura de João Ferreira pela CDU (coligação liderada pelo Partido Comunista), que conta com uma longa experiência como vereador e não quis juntar-se à coligação liderada pelo PS, que inclui ainda o Bloco de Esquerda, o Livre e o PAN (Pessoas-Animais-Natureza). O desvio de votos de Leitão para Ferreira pode vir a ser decisivo para uma eventual reeleição de Moedas, que se apresenta numa coligação que inclui o PSD, o CDS e a Iniciativa Liberal.
Já no Porto, segunda cidade do país, estas são as primeiras eleições a que o atual presidente da Câmara, Rui Moreira, no cargo desde 2013, não pode concorrer, devido à lei que obriga à limitação de mandatos. Moreira foi eleito como independente, com apoio do CDS e da Iniciativa Liberal, derrotando os candidatos dos principais partidos. Sem Moreira na equação, desta vez a disputa está centrada no Partido Socialista, que apresenta o antigo ministro da Saúde Manuel Pizarro como candidato, e a coligação AD, que tem como figura de proa Pedro Duarte, até há pouco tempo ministro dos Assuntos Parlamentares.
Independentes crescem
A candidatura de independentes tem, aliás, vindo a aumentar constantemente nos últimos anos. Os primeiros presidentes de Câmara eleitos em listas independentes apareceram em 2005 e foram então apenas sete, tendo passado a 19 nas eleições de 2021.
Os 9.303.840 eleitores inscritos votam para eleger as Câmaras Municipais, Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia de 308 concelhos e 3259 freguesias espalhados por Portugal Continental e pelos arquipélagos da Madeira e Açores.
Ao todo, 800 forças políticas e grupos de cidadãos independentes concorrem a estas eleições.
Com uma taxa de abstenção habitualmente alta, que atingiu um recorde nos 47,4% em 2013, espera-se para este ano uma maior afluência.
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