Presidente da Lituânia denuncia incursão de aeronaves russas no espaço aéreo do país

Dois aviões militares russos terão violado o espaço aéreo da Lituânia na noite de quinta-feira, segundo informou o presidente lituano, Gitanas Nausėda.
"Esta noite, aviões militares russos violaram o espaço aéreo lituano. Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional e da integridade territorial da Lituânia. Mais uma vez, isso confirma a importância de reforçar a prontidão da defesa aérea europeia", escreveu Gitanas Nausėda, numa publicação na rede social X.
Pela mesma via, o chefe de Estado da Lituânia indicou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país irá convocar os representantes da embaixada russa "para protestar contra o comportamento imprudente e perigoso".
Condenando "veementemente a violação do espaço aéreo lituano [...] por um caça e um avião de transporte da Federação Russa", Gitanas Nausėda avisou: "Temos de reagir a isto."
Também na quinta-feira, as Forças Armadas do país indicaram que a incursão das duas aeronaves russas no seu espaço aéreo durou cerca de 18 segundos.
As duas aeronaves, identificadas como um caça Su-30 e um avião-tanque Il-78, estavam supostamente numa missão de treino de reabastecimento quando cruzaram a fronteira com a Lituânia, membro da NATO, por volta das 17:00, hora local (15:00 em Portugal continental), vindas do enclave russo de Kaliningrado.
Os caças espanhóis Eurofighter Typhoon da Polícia Aérea do Báltico da NATO foram acionados e estão a patrulhar a área, informou o exército num comunicado.
Tanto a NATO como a União Europeia estão em alerta máximo após uma série de violações do seu espaço aéreo, alegadamente pela Rússia, nas últimas semanas.
A NATO emitiu um aviso a Moscovo no final de setembro, afirmando que utilizaria todos os meios para se defender contra quaisquer novas violações do seu espaço aéreo, após a queda de drones russos sobre a Polónia e o relato, por parte da Estónia, de uma intrusão de caças russos.
O incidente de 10 de setembro na Polónia foi o primeiro encontro direto entre a NATO e a Rússia desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia, no início de 2022.
A Estónia afirmou que três caças russos MiG-31 entraram no seu espaço aéreo durante 12 minutos na sexta-feira sem autorização, uma acusação que o Kremlin rejeitou.
Os incidentes causaram consternação generalizada entre os líderes de toda a Europa, levantando questões sobre a preparação da aliança contra a crescente agressão russa.
"A Rússia não deve ter dúvidas: a NATO e os seus aliados empregarão, em conformidade com o direito internacional, todos os meios militares e não militares necessários para nos defendermos e dissuadir todas as ameaças provenientes de todas as direções", afirmou a aliança, num comunicado.
Na sequência da violação do espaço aéreo polaco, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, anunciou a criação do programa "Eastern Sentry", que visa dissuadir novas incursões russas e mostrar solidariedade com a Polónia.
"Vemos drones a violar o nosso espaço aéreo. Quer tenha sido intencional ou não, é inaceitável. Os aliados manifestaram total solidariedade com a Polónia. É crucial combater a agressão e defender todos os membros da Aliança", afirmou o líder da NATO.
Incidentes na Dinamarca e na Noruega
Entretanto, a 23 de setembro, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou que não se podia descartar o envolvimento da Rússia, depois de o aeroporto de Copenhaga ter sido forçado a fechar durante várias horas na noite anterior, na sequência do avistamento de vários drones.
"Isto diz algo sobre os tempos em que vivemos e sobre aquilo com que nós, enquanto sociedade, temos de estar preparados para lidar", afirmou Frederiksen.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou as alegações "infundadas".
Também no dia 22 de setembro, o aeroporto de Oslo, na Noruega, ficou fechado por três horas após relatos de possíveis avistamentos de drones.
A Rússia terá violado o espaço aéreo da Noruega por três vezes em 2025, de acordo com o governo, mas ainda não é claro se o incidente de segunda-feira foi deliberado ou resultado de erros de navegação.
"Independentemente da causa, isso é inaceitável", considerou o primeiro-ministro do país, Jonas Gahr Støre.
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