Inteligência artificial domina exposições da Web Summit Lisboa 2024
Chamam-lhe a nova Revolução Industrial. Das mais de 3 mil empresas de dezenas de países presentes nos pavilhões da FIL, na Web Summit, a maioria trabalha no setor da Inteligência Artificial (IA), que, segundo dados da Statista, pode chegar a um volume de mercado de cerca de 780 mil milhões de euros em 2030.
Estas startups põem as máquinas a pensar e a aprender para resolver os problemas da atualidade, sendo um dos mais prementes a desflorestação no Brasil, cuja área afetada equivale a 350 campos de futebol.
"A WoodChat é uma inteligência artificial que faz o reconhecimento de madeira serrada em tora, e nós fazemos esse reconhecimento dentro do WhatsApp. A nossa tecnologia é uma API verificada pela Meta", explica Fernanda Onofre, fundadora da WoodChat.
"No Brasil, esse nosso reconhecimento serve para o preenchimento do documento florestal. O processo ajuda o madeireiro com esse preenchimento para que essa madeira passe na rodovia federal com certificação autorizada.", afirma, sublinhando também a importância de combater o uso de madeira brasileira ilegal na Europa.
"Em Portugal, a WoodChat permite ao europeu que chega do Brasil certificar-se de que traz madeira em conformidade com a lei", acrescenta.
Aliviar a carteira
A inteligência artificial também facilita a vida de quem gosta de viajar ao aliviar e muito a carteira. É essa a missão da Tryp, fundado pelo jovem português André Sousa.
Com esta startup, é possível desfrutar de um pacote de quatro voos (Lisboa-Malta-Roma-Lisboa) por 66 euros por pessoa.
"Nós temos 70 milhões de voos numa base de dados, com comboios e autocarros também. Em tempo real nós criamos combinações com esses dados com o objetivo de maximizar a probabilidade de conversão.", refere André Sousa.
"O software sabe tudo, sabe os preços todos, de todas as rotas para todas as cidades do mundo, e está ali a criar em tempo real as combinações que temos milhões e milhões de possibilidades que são mais interessantes para o utilizador.", complementa.
Repensando as viagens aéreas
Na WebSummit também não faltam soluções de mobilidade.
Num dos inúmeros stands que se estendem pelos cinco pavilhões do evento,* encontramos um simulador de mobilidade urbano, que corresponde a um modelo híbrido entre um multicóptero e um avião.
O objetivo passa por transportar pessoas e mercadorias de uma forma mais rápida e menos poluente. Poderá invadir os céus dentro de, mais ou menos, 10 anos.
"Com os chips e os semicondutores de energia da Infineon, coisas assim, que agora parecem ser o futuro, podem ser realidade em breve.", nota Martin Schiestl, engenheiro de sistemas da Infineon Áustria.
"Estamos a acelerar os drones, motores, automóveis elétricos, centros de dados de dados de Inteligência Artificial, e estamos a distribuir energia para onde é necessário", conclui.
Robótica
A robótica é um campo da tecnologia que também está em franca expansão e que anima por estes dias quem vai à Web Summit.
O Stella, que junta dezenas de pessoas à sua volta nos corredores da FIL, é um Kit de automontagem com componentes únicos e resistentes impressos em 3D. Mesmo que alguns membros do robô sejam quebrados, é fácil repará-los.
Cada robô consegue transportar cinco quilos de carga, mas, além da força, o Stella tem uma função pedagógica.
"Estimula a criatividade dos estudantes e ensina-lhes como trabalhar na robótica", refere Gaelle De Ruyter, da Ahead, empresa que constrói estes robôs.
Apesar das suas vantagens na execução de tarefas em série e consequente aumento da produtividade, a robótica, tal como a IA, vai "roubar" muitos empregos tradicionais no futuro. É o equilíbrio entre os benefícios e os inconvenientes desta e de outras tecnologias que os especialistas ainda procuram alcançar.
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