G7 em Itália: guerras na Ucrânia e Médio Oriente são tema prioritário
As cidades italianas de Fiuggi e Anagni tornam-se o teatro da diplomacia internacional durante dois dias: a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, sob a supervisão do ministro italiano Antonio Tajani, tem início esta segunda-feira. Na terça, o encontro conclui as reuniões ministeriais do G7 da presidência italiana antes de passar o testemunho ao Canadá.
É a segunda reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 a ser realizada em Itália em 2024 e a primeira cimeira após a reeleição de Donald Trump para a Casa Branca. A primeira reunião teve lugar em Capri, em abril passado.
O regresso do candidato republicano a um dos lugares mais importantes do mundo prenuncia cenários pouco tranquilizadores, mas para os países do G7 é importante continuar a manter laços fortes com Washington.
"Os Estados Unidos continuam a ser o nosso principal aliado na promoção da estabilidade internacional no mundo", afirmou o vice-primeiro-ministro italiano Tajani na segunda-feira, durante uma cimeira em Bruxelas.
Tajani afirmou que é necessário que a UE assuma a liderança internacional e seja mais autónoma, ao mesmo tempo que trabalha para manter a nova administração Trump empenhada na parceria transatlântica.
Na mesa do G7 estão as grandes questões internacionais: as cinco sessões vão debater a situação no Médio Oriente e a grave crise humanitária em Gaza, o equilíbrio político no Indo-Pacífico e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Ucrânia à mesa do G7
E é precisamente o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrij Sybiha, que estará presente na reunião de Fiuggi e Anagni.
"Mil dias após o início da invasão russa, com dezenas de milhares de mortos em ambas as frentes devido a uma escolha perversa do presidente Vladimir Putin, enquanto país que preside ao G7, quisemos promover uma declaração de apoio e de proximidade a Kiev por parte dos chefes de governo", afirmou o vice-primeiro-ministro italiano no final do Fórum Fórum Empresarial Itália-Ucrânia, na passada quarta-feira.
"Estamos a assistir a uma ofensiva russa muito violenta e temos a certeza de que esta proximidade com o povo ucraniano é importante", acrescentou.
A presidência italiana pretende confirmar o "apoio total do G7 a Kiev, militar, política, económica e financeiramente, com vista a uma paz abrangente, justa e duradoura", tendo em vista a Conferência de Reconstrução da Ucrânia, que se realizará em julho de 2025, em Roma.
Crise na Faixa de Gaza é "uma prioridade"
A situação no Médio Oriente também está no centro das atenções. Dezenas de pessoas estão a sofrer com fome e as famílias dos campos de refugiados na Faixa de Gaza que não podem ter mais do que uma refeição por dia estão a "aumentar drasticamente", de acordo com dados da ONU.
A grave situação humanitária registada no último ano, desde o ataque do Hamas a 7 de outubro de 2023, e as tensões entre Israel e o Líbano exigem que os Estados prestem especial atenção.
De acordo com o vice-primeiro-ministro italiano, "a crise na região é uma prioridade da presidência italiana do G7".
"Temos de manter o diálogo aberto com todos os intervenientes, pedindo-lhes que usem de contenção e trabalhem para um cessar-fogo em Gaza e no Líbano e para a libertação dos reféns", disse Tajani.
Antonio Tajani insiste na situação humanitária e na necessidade de continuar a apoiar a missão da UNIFIL,** salientando que é necessário "promover um horizonte político credível para a região que garanta a paz e a segurança, na perspetiva de 'dois povos, dois Estados'.
O objetivo dos ministros de Itália, Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos da América é reforçar o papel do G7 na contribuição para a estabilidade internacional e na procura de soluções para as crises mundiais.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participarão nos trabalhos do grupo.
Estão igualmente previstas discussões sobre a estabilidade do Indo-Pacífico, o comércio com a China e a situação na Geórgia na sequência das recentes eleições.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, é necessário "manter um diálogo construtivo com as autoridades georgianas, ao mesmo tempo que se exige clareza sobre as irregularidades registadas durante a votação".
As sessões terminarão na terça-feira à tarde, com uma conferência de imprensa em que serão apresentadas as declarações finais.
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