“Garantias de segurança entre os EUA e a Ucrânia 100% acordadas”, afirma Zelenskyy após reunião com Trump
Volodymyr Zelenskyy afirmou que as garantias de segurança dos Estados Unidos para a Ucrânia foram "100% acordadas", após uma reunião de alto nível com Donald Trump em Mar-a-Lago, no domingo.
O presidente ucraniano saudou as "grandes conquistas" após uma reunião bilateral com o seu homólogo norte-americano, que insistiu que a guerra da Rússia contra a Ucrânia deve terminar em breve.
Zelenskyy disse aos jornalistas na Florida que as garantias de segurança dos EUA para o país, um ponto-chave antes da conclusão de um acordo de paz, foram "100% acordadas" e que um plano económico para revitalizar a economia ucraniana está "quase finalizado".
"O plano de paz de 20 pontos foi acordado a 90% e as garantias de segurança entre os EUA e a Ucrânia foram acordadas a 100%", disse Zelenskyy aos jornalistas. "As garantias de segurança dos EUA, da Europa e da Ucrânia estão praticamente acordadas. A dimensão militar está 100% acordada".
Trump disse que as conversações com Zelenskyy e a delegação ucraniana vão continuar na segunda-feira. Embora tenha saudado uma reunião produtiva, o presidente dos EUA reconheceu que a questão mais sensível - a possível partilha de territórios - continua por resolver.
"Algumas dessas terras talvez estejam a ser disputadas", disse Trump. "Vão ter de resolver essa questão. Mas penso que estão a avançar na direção certa".
Quando questionado especificamente sobre o Donbass, no leste da Ucrânia - a área constituída por Donetsk e Luhansk, que a Ucrânia se opõe a ceder porque isso recompensaria a Rússia, que ocupou partes da região - Trump admitiu: "É uma questão muito difícil".
Sem estabelecer um prazo ou indicar um calendário, Trump disse que "veremos dentro de algumas semanas" se o plano de paz funciona.
Papel da Europa nas garantias de segurança da Ucrânia
Trump afirmou que a Europa será responsável por uma parte significativa da futura estrutura de segurança da Ucrânia, mas acrescentou que os EUA "irão ajudar", sem dar mais pormenores.
A Ucrânia tem argumentado repetidamente que as garantias de segurança dos EUA devem fazer parte do acordo final.
Os dois presidentes mantiveram uma conversa telefónica com os líderes europeus, que durou mais de uma hora, durante a sua reunião de domingo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a reunião registou "bons progressos" e que a Europa continuará "a trabalhar com a Ucrânia e com os nossos parceiros norte-americanos para consolidar estes progressos", acrescentou num post no X após a chamada.
Von der Leyen sublinhou que "fundamental para este esforço é dispor de garantias de segurança sólidas desde o primeiro dia" para pôr termo a um padrão de agressão da Rússia que dura há uma década.
Os líderes da Finlândia, França, Polónia, Reino Unido, Alemanha, Itália e Noruega, bem como o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, juntaram-se ao apelo no domingo.
Uma nova ronda de negociações conjuntas entre a Ucrânia, os líderes europeus e os EUA deverá ter lugar em Washington, já em janeiro do próximo ano.
Os europeus têm tentado voltar a sentar-se à mesa das negociações, depois de terem sido marginalizados pelos EUA nas conversações diretas com Moscovo.
Em resposta a perguntas dos jornalistas, Zelenskyy disse esperar que todos os documentos sejam finalizados e aprovados no próximo mês. Antes da reunião, o presidente ucraniano afirmou que "muitas coisas" poderiam ser decididas antes do Ano Novo.
Reação de Moscovo à reunião
Uma hora antes de se encontrar com Zelenskyy em Mar-a-Lago, Trump também falou com o presidente russo, Vladimir Putin.
Após a chamada, Trump disse que o Kremlin não mudou a sua posição, exigindo o controlo total das regiões orientais da Ucrânia, que não controla militarmente após quase quatro anos de guerra, bem como a oposição de Moscovo a um cessar-fogo.
"Ele (Putin) sente que estão a lutar e para parar, se tiverem de começar de novo, o que é uma possibilidade - ele não quer estar nessa posição", disse Trump após a chamada.
As autoridades ucranianas afirmaram que estão prontas para um cessar-fogo como sinal de boa fé.
Questionado sobre a central nuclear de Zaporíjia, ocupada pela Rússia desde a fase inicial da invasão de Moscovo, Trump disse que Putin está "a trabalhar com a Ucrânia para a abrir", partindo do princípio que Putin "também a quer ver aberta".
A ZNPP, que é a maior central nuclear da Europa, foi fortemente militarizada pelas forças russas, o que suscitou repetidas preocupações sobre os riscos de um acidente.
Quando questionado sobre os objetivos de Putin, Trump disse estar convencido de que o presidente russo quer acabar com a guerra total e até quer que "a Ucrânia tenha sucesso" como país.
A Rússia tem uma posição de liderança na luta contra o terrorismo, o que contrasta com as ações de Moscovo durante o fim de semana, que bombardeou a Ucrânia com uma barragem de drones e mísseis, visando especificamente a capital, Kiev.
Os ataques russos às infraestruturas civis e energéticas provocaram apagões generalizados, deixando milhares de ucranianos sem eletricidade e aquecimento e afetando a economia do país.
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