Fogo em Arganil "ainda muito longe de ser dominado". Sátão e Cinfães também preocupam

A meio da manhã desta quinta-feira, há quatro incêndios que concentram as atenções dos bombeiros e das populações em Portugal continental. O que mobiliza mais meios é o de Arganil, no interior do distrito de Coimbra, onde, por volta das 11h00, mais de 900 bombeiros, com o apoio de 298 viaturas e sete aeronaves, combatiam várias frentes ativas numa situação considerada “ainda muito desfavorável” no último balanço feito pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Este fogo, com "pelo menos seis setores de trabalho”, não tem muitas áreas consolidadas e está “ainda muito longe de ser dominado”. As chamas começaram na freguesia de Piódão e já alastraram a outros concelhos como Oliveira do Hospital, Seia (Guarda) e Pampilhosa da Serra, levando mesmo à evacuação preventiva de alguns locais.
A levantar preocupações estão igualmente os incêndios de Sátão e de Cinfães, no distrito de Viseu. Ainda que tenha algumas áreas já em rescaldo, o fogo em Sátão, que ontem à noite já se tinha estendido ao município vizinho de Sernancelhe, a nordeste, lavra "ainda com intensidade”, mobilizando mais de 400 operacionais, apoiados por mais de 100 viaturas terrestres e quatro meios aéreos.
Já em Cinfães, no extremo noroeste do distrito, existem duas frentes ativas “a arder com média intensidade” e com “algumas aldeias a serem afetadas”, adianta a ANEPC, que dá conta de uma área com difíceis acessos por via terrestre. Em atuação estão mais de 100 operacionais, que contam com a ajuda de 36 viaturas e três meios aéreos.
O fogo que deflagrou no último sábado em Trancoso, no distrito da Guarda, apresenta uma situação “menos desfavorável”, de acordo com a Proteção Civil, que aponta grandes áreas em resolução”, “com trabalhos de rescaldo e consolidação e outros de vigilância”.
“Segundo o comando operacional, pelas 10h00, 80% do fogo estava dado como extinto e havia 20% de área em fase de resolução e consolidação, com pontos quentes que motivavam alguma cautela e preocupação por haver possibilidade de reativação”, afirmou à agência Lusa Amílcar Salvador, presidente da Câmara Municipal, adiantando que “já não há frentes ativas”. No local encontram-se mais de 400 bombeiros, ajudados por 145 viaturas e seis meios aéreos. Este fogo já tinha chegado a Aguiar da Beira, onde na quarta-feira um lar teve de ser evacuado por precaução.
A ANEPC sublinhou que se trata de incêndios "extremamente dinâmicos” e que a situação pode mudar qualquer momento.
“Nas áreas onde existem aldeias envolventes a estes incêndios, há sempre a possibilidade [de evacuação] e, no posto de comando, é sempre avaliada a possibilidade de, preventivamente, fazerem evacuações ou deslocamento destas pessoas”, explicou.
No total, estão no terreno a lutar contra as chamas em Portugal continental mais de 3 mil operacionais, apoiados por perto de mil meios terrestres e cerca de três dezenas de meios aéreos.
Quanto aos grandes incêndios de Vila Real e Tabuaço, entraram em fase de resolução durante a noite, mantendo, por esta altura, vários meios no local de forma a evitar reacendimentos.
Ajuda ainda internacional ainda não é opção. "Fá-lo-emos quando for preciso", diz Montenegro
Apesar dos incêndios em curso e dos milhares de hectares de área ardida, Luís Montenegro diz que não ainda altura de acionar mecanismos de ajuda internacional, apesar de não descarta a hipótese de o fazer.
"Quando for preciso, quando as circunstâncias o motivarem, fá-lo-emos. Isso obedece a critérios que são de natureza técnica e operacional, que terão de ser atendidos", afirmou, em declarações à CNN Portugal, em Faro. "Não temos nenhuma objeção a fazê-lo, quando tiver de ser feito; mas também não o vamos fazer nas alturas em que não for tecnicamente adequado", reforçou.
Já Marcelo Rebelo de Sousa, que jantou ontem com o primeiro-ministro português, alertou para um possível agravamento da situação já na sexta-feira, afirmando que será "particularmente preocupante" olhando às condições meteorológicas que, segundo o presidente da República, poderão ser propícias "à permanência e ao agravamento do ponto de vista dos incêndios".
Numa declaração ao país, o presidente da República destacou o papel das condições meteorológicas nos incêndios das últimas semanas, reforçando que estas "são partilhadas" com outros países europeus, como Espanha, que também se encontra a braços com violentos incêndios.
Portugal está até sexta-feira em alerta devido ao perigo de incêndio. Esta quinta-feira o combate aos fogos no terreno também não será fácil devido ao intenso calor que se continuará a fazer sentir no território português.
Há 10 distritos sob aviso laranja: Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Setúbal, Évora e Beja. Os restantes distritos estão sob aviso amarelo. As temperaturas podem chegar aos 40 graus em alguns locais.
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