Chuvas dão alguma trégua a Espanha na luta contra os incêndios

O tempo húmido e a chuva ofereceram algum alívio às autoridades espanholas na sua luta contra os incêndios que há semanas assolam grande parte do país, numa altura em que mais de 391.000 hectares já foram queimados só este ano, segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais.
Embora 40 incêndios permaneçam ativos em todo o país, a chuva que está a cair na península, especialmente na província de Leão, poderá ajudar os bombeiros a controlar a situação, permitindo que as autoridades concentrem os seus esforços noutras áreas.
Na quarta-feira, o presidente da região de Castela e Leão, Alfonso Fernández Mañueco, garantiu que o trabalho de combate aos incêndios estava a progredir favoravelmente graças à melhoria das condições meteorológicas.
Mañueco também apresentou um plano de ajuda para os afetados, que inclui um apoio de 500 euros para os que tiveram de abandonar as suas casas e de até 185.000 euros para os que perderam as suas casas devido aos fogos.
Críticas à gestão do governo
Estas medidas não impediram, no entanto, que centenas de habitantes de Leão se reunissem na quarta-feira para manifestar o seu descontentamento com a atuação do governo e exigir mais ajuda.
Perante as críticas dirigidas a Madrid desde a Galiza, Castela e Leão e Estremadura, todas elas comunidades autónomas governadas pelo Partido Popular, na oposição, a diretora-geral da Proteção Civil, Virginia Barcones, garantiu que o governo do Partido Socialista disponibilizou todos os meios possíveis para controlar a situação e acusou os dirigentes regionais de pedirem "o impossível", segundo a imprensa local.
Apesar do recente destacamento de 500 militares, ordenado na semana passada por Pedro Sánchez, e da chegada de efetivos de outros países europeus, incluindo dois hidroaviões neerlandeses, ao abrigo do mecanismo de solidariedade, Espanha viu arder cerca de 350.000 hectares só em agosto.
Entretanto, os incêndios continuam a lavrar em zonas da Galiza, Astúrias e Estremadura. Na Galiza, onde ainda estão ativos sete incêndios, já arderam 73.000 hectares este verão. No entanto, a situação melhorou em relação à semana passada, quando as chamas provocaram o caos na rede ferroviária que atravessa a região.
De facto, esta terça-feira, a empresa gestora da infraestrutura ferroviária, a Adif, confirmou que "a evolução positiva" da situação permitiu o restabelecimento dos serviços de alta velocidade entre a Galiza e Madrid.
Pedro Sánchez deslocou-se à Galiza na terça-feira, onde falou sobre a onda de calor de dezasseis dias que alimentou os incêndios em toda a península e responsabilizou as alterações climáticas pela destruição causada pelos fogos.
Na Estremadura, as autoridades continuam atentas ao incêndio em Jarilla, que lavra há uma semana e já queimou cerca de 16.000 hectares. Neste momento, o fogo avança em direção a Jerte e Tornavacas e ameaça instalar-se na província de Salamanca, onde já se avistaram as primeiras chamas.
Nas Astúrias, cinco incêndios ativos lavram nos concelhos de Cangas del Narcea, Ponga, Quirós e Degaña, sendo este último o mais preocupante e o que conta com o maior número de bombeiros.
37 pessoas já foram detidas
O Comité Estatal de Coordenação contra Incêndios informou, na quarta-feira, que já foram detidas 37 pessoas suspeitas de estarem na origem de alguns dos incêndios que já provocaram a morte de quatro pessoas em todo o país este verão. Dez deles foram detidos pela Polícia Nacional, enquanto os restantes 27 foram detidos pela Guardia Civil, de acordo com a imprensa local.
De acordo com o artigo 351.º do Código Penal espanhol, quem provocar um incêndio que ponha em perigo a vida ou a integridade física de pessoas pode ser condenado a penas de prisão até 20 anos.
Caso não ameace a integridade física de pessoas, a pena por provocar um incêndio é de um a cinco anos de prisão, envolvendo também o pagamento de uma multa. No entanto, se as autoridades judiciais considerarem que o incêndio é de especial gravidade por ter afetado uma grande área, ter efeitos de erosão no terreno ou afetar algum local especial ou protegido, a pena sobe para entre três a seis anos.
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