Continuam os protestos no Reino Unido contra o alojamento dos requerentes de asilo

No sábado, manifestantes saíram à rua em todo o Reino Unido, incluindo na cidade de Liverpool, para se manifestarem contra os hotéis que albergam requerentes de asilo.

Vários protestos sob o slogan Abolish Asylum System (Abolir o Sistema de Asilo), cunhado por partidos políticos de direita, também tiveram lugar noutras cidades, incluindo Bristol, Newcastle e Londres.

Em Liverpool, realizou-se também um contra-protesto organizado pela Stand Up To Racism.

A polícia também foi vista a afastar os manifestantes do protesto Abolish Asylum System e a empurrar para trás os manifestantes do contra-protesto.

O dilema de como alojar os requerentes de asilo na Grã-Bretanha tornou-se mais difícil para o governo depois de uma decisão judicial histórica esta semana ter motivado os opositores a lutar contra os hotéis utilizados como alojamento.

Os políticos de direita aproveitaram uma providência cautelar temporária que impedia o alojamento de requerentes de asilo num hotel em Epping, nos arredores de Londres, para encorajar outras comunidades a recorrerem também ao tribunal.

Obrigação legal de alojar requerentes de asilo

A questão está no centro de um aceso debate público sobre a forma de controlar a imigração não autorizada, que tem atormentado os países ocidentais com o afluxo de imigrantes que procuram uma vida melhor, fugindo de países devastados pela guerra, da pobreza, de regiões afectadas pelas alterações climáticas ou de perseguições políticas.

No Reino Unido, o debate centrou-se na chegada de migrantes que atravessam o Canal da Mancha em barcos sobrecarregados geridos por contrabandistas e na escalada de tensões sobre o alojamento de milhares de requerentes de asilo a expensas do governo em todo o país.

O governo é legalmente obrigado a alojar os requerentes de asilo. A utilização de hotéis para o efeito foi uma questão marginal até 2020, altura em que o número de requerentes de asilo aumentou acentuadamente e o governo conservador da altura teve de encontrar novas formas de os alojar.

Até à data, registaram-se mais de 27 000 chegadas não autorizadas este ano, o que representa um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado e ultrapassa o número registado nesta altura do ano em 2022, quando se registou um recorde de 45 755 chegadas.

O número de requerentes de asilo alojados em hotéis ascendia a pouco mais de 32 000 no final de junho, de acordo com os dados do Ministério do Interior divulgados na quinta-feira. Este número aumentou 8% em relação aos cerca de 29 500 do ano anterior, mas está muito abaixo do pico de mais de 56 000 em setembro de 2023.

Um total de 111 084 pessoas pediram asilo no ano até junho de 2025, o número mais elevado para qualquer período de 12 meses desde que os registos actuais começaram em 2001.

Em maio, o Gabinete Nacional de Auditoria afirmou que as pessoas que vivem temporariamente em hotéis representavam 35% de todas as pessoas em alojamento de asilo.