Voto por correspondência existe na Europa, ao contrário do que Trump deu a entender

O voto por correspondência, também conhecido como "mail-in ballot", é utilizado em vários países do mundo, incluindo na Europa, apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter afirmado recentemente que este método é exclusivo da América.
Trump escreveu na sua rede social Truth que os EUA são agora "o único país do mundo que utiliza o voto por correspondência", prometendo eliminar o método de votação até às eleições intercalares de 2026.
"Todos os outros desistiram por causa da MASSIVA FRAUDE DE VOTO ENCONTRADA", escreveu.
Numa entrevista à Fox News no início deste mês, Trump também afirmou que o presidente russo Vladimir Putin lhe tinha dito que as eleições presidenciais de 2020 nos EUA eram "manipuladas" devido ao voto por correspondência.
As teorias da conspiração de que as eleições presidenciais de 2020 foram distorcidas a favor dos democratas devido ao voto por correspondência têm sido repetidamente refutadas.
O voto por correspondência aumentou significativamente durante esta eleição devido à pandemia de Covid-19, com o voto por correspondência a representar 43% de todos os votos.
Sistema utilizado em todo o mundo
A afirmação de Trump de que os EUA são o único país que utiliza este método de votação também é falsa.
Em outubro de 2024, o Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral divulgou dados que mostram que pelo menos 32 países, ou territórios, em todo o mundo autorizam o voto por correspondência no país.
Estes incluem sete países europeus que permitem o voto por correspondência no país para algumas categorias de eleitores, e outros oito que permitem que todos os eleitores votem por correio.
Todos os eleitores podem optar por votar por correspondência nos Estados-Membros da Alemanha, Grécia, Luxemburgo e Polónia, bem como nos países europeus Islândia, Liechtenstein, Suíça e Reino Unido.
Vários outros países autorizam o voto por correspondência para os cidadãos no estrangeiro.
A desinformação propagada por Trump parece fazer parte de uma campanha para eliminar completamente o voto por correspondência já no próximo ano.
O presidente dos EUA tem afirmado repetidamente que o método de votação é "corrupto" e um "embuste", mas os especialistas discordam.
Os analistas do Brennan Centre for Justice afirmam que existe "uma vasta experiência que mostra que a opção de voto por correio é segura e dá aos cidadãos a possibilidade de participar."
Um especialista da Universidade de Chicago, por sua vez, diz que, embora "não devamos ser complacentes com a fraude ou a integridade" das eleições, o risco de fraude generalizada é "provavelmente muito mínimo, mesmo com eleições por correio."
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