Maxime Prévot alerta que credibilidade da UE está em risco por causa de Gaza

A "credibilidade da política externa da UE está a desmoronar-se" devido à incapacidade dos Estados-Membros de sancionarem Israel pelos "crimes de guerra" em Gaza e pela atividade incessante dos colonatos na Cisjordânia, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot, ao programa Europe Conversation.
Maxime Prévot afirmou que países europeus como a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a Bulgária e a República Checa, que estão a impedir a UE de tomar medidas contra Israel em relação a Gaza, são obrigados a respeitar o direito internacional.
"Penso que todos os países europeus têm de fazer mais. É claro que a Alemanha é um ator importante, mas há outros países europeus que também devem tomar a iniciativa", afirmou.
A Alemanha suspendeu recentemente as exportações de armas para Israel, mas continua a ser o maior apoiante do Estado judaico no seio do bloco.
"Por exemplo, somos 26 países que concordam com sanções específicas contra colonos violentos e alguns líderes do Hamas", exemplifica. "Apenas um país está a bloquear. E é a Hungria".
A forte opinião pública contra a guerra foi um fator chave na coligação belga de cinco partidos para o reconhecimento da Palestina.
De acordo com uma sondagem realizada pelo Centro Nacional de Cooperação para o Desenvolvimento, uma ONG belga, mais de 54% dos belgas consideram que o seu governo deveria tomar medidas como a imposição de sanções económicas contra Israel, para pôr fim à "ocupação ilegal israelita dos territórios palestinianos."
"Para muitos dos nossos cidadãos, é muito difícil compreender por que é que, especialmente no que diz respeito à situação em Gaza, é impossível para a UE tomar decisões fortes", continua.
O ministro defende que que a Europa devia ser mais coesa nas sanções a aplicar. "Não compreendem por que é que não somos capazes de tomar sanções específicas, vendo as diferentes imagens que vemos quando ligamos a televisão", disse.
A decisão de reconhecer a Palestina surge após longas e intensas negociações da coligação, contudo, o recconhecimento formal pela Bélgica só acontecerá na condição de o Hamas se desarmar e libertar todos os reféns feitos em 7 de outubro de 2023.
O compromisso da Bélgica em reconhecer a Palestina está em consonância com a opinião de vários países europeus, incluindo a França e o Reino Unido, que se preparam para o fazer na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque no final deste mês.
Em resposta ao anúncio da Bélgica sobre a questão, no mês passado, o governo israelita acusou o primeiro-ministro belga, Bart de Wever, de ser um "líder fraco que procura apaziguar o terrorismo islâmico."
"Não esperava aplausos do governo israelita, claro, mas posso sublinhar e convencer-vos de que o meu primeiro-ministro não é certamente um líder fraco, é alguém com fortes compromissos no seio da coligação", disse Prévot à Euronews.
Mas, segundo ele, a situação no terreno é de tal ordem que o governo foi obrigado a atuar.
"O contexto no terreno - especialmente em Gaza - crianças, mulheres, todas as pessoas, e muitos cidadãos estão a passar fome. É completamente inaceitável. Recordo ao Governo israelita que o corte de qualquer ajuda humanitária é um crime de guerra", afirmou.
O anúncio de que Israel planeia a ocupação total da cidade de Gaza e a expansão dos colonatos nos territórios palestinianos ocupados foi um fator determinante para a decisão belga de reconhecer o Estado da Palestina, que, segundo ele, enviará "um sinal político forte" a Israel e ao mundo.
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