Ventura elogia violência contra imigrantes em Espanha

O líder do partido Chega disse estar orgulhoso dos acontecimentos em Múrcia, este verão, quando foram perseguidos imigrantes de forma violenta. Num encontro de partidos da direita radical, em Madrid, André Ventura chegou mesmo a agradecer aos responsáveis pela violência.
“Vamos continuar juntos, lutando por aquilo em que acreditamos. Uma Europa com menos imigração”, disse André Ventura, em castelhano.
“Por isso quero dizer-vos, aqui em Espanha, sabendo que a imprensa está aqui e a imprensa portuguesa também, que o que fizeram em Múrcia dá-me um orgulho tremendo como europeu. Um orgulho tremendo como europeu”, acrescentou.
Terminou a dizer “obrigado pelo que fizeram”. Um remate seguido de aplausos de pé pela plateia.
Em julho, a agressão a um idoso de Torre Pacheco, cujas imagens se tornaram virais, tornou-se um gatilho para uma onda de violência contra imigrantes.
No bairro de San Antonio, onde moram muitos imigrantes, houve ataques com pedras e foguetes. Os atacantes gritavam “Fora os mouros”. A violência foi instigada por vídeos na internet, muitos deles manipulados e falsos.
André Ventura fez estas declarações na convenção Europa Viva 2025, em Madrid. Tratou-se de um encontro dos Patriotas pela Europa, que junta partidos da extrema-direita europeia e é o terceiro maior grupo no Parlamento Europeu.
O encontro foi organizado pelo Vox, o partido espanhol considerado um dos instigadores da violência em Múrcia.
O exemplo de Charlie Kirk
Nesta convenção, houve também várias referências a Charlie Kirk, o conservador norte-americano, apoiante de Donald Trump, que foi morto a tiro a semana passada.
“Ainda estamos emocionados pelo assassínio de Charlie Kirk. Um jovem patriota que se dedicava a promover debates nas universidades, com o melhor tom”, disse o líder e fundador do Vox, Santiago Abascal, num momento de união entre conservadores europeus e norte-americanos.
“Liberdade de debate na universidade? Não o podem permitir, nem as autoridades universitárias em alguns países, nem o globalismo progressista. Foi por isso que o mataram, porque espalharam o ódio contra todos nós”, acrescentou Abascal, pedindo uma oração por Kirk.
Também André Ventura referiu a morte de Kirk.
“Charlie Kirk foi morto porque dizia aquilo em que pensava. Morreu para nos defender e por nós, pelos nossos valores e pela nossa identidade”, disse André Ventura, acrescentando que o episódio demonstra o quanto “se podem tornar violentos, se podem tornar assassinos", todos os que defendem a esquerda.
Ventura também coincidiu noutros temas com Abascal, incluindo nas críticas à flotilha humanitária, que se dirige para Gaza, e ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. Ventura disse mesmo que, se fosse primeiro-ministro de Espanha, mandava Sánchez para a prisão.
Esta intervenção surge numa altura em que o Chega ganha cada vez mais terreno em Portugal. Uma sondagem, divulgada na semana passada, coloca o partido em primeiro lugar nas intenções de voto, à frente da Aliança Democrática (AD).
Em maio, o Chega já tinha feito história, ao tornar-se o segundo partido com mais lugares no parlamento português, ultrapassando o histórico Partido Socialista (PS).
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