Montenegro reforça compromisso de Portugal com a Ucrânia e diz que objetivo é acordo de paz

Foi uma reunião curta, realizada à margem da cimeira anual da Comunidade Política Europeia, que decorre em Copenhaga. Luís Montenegro e Volodymyr Zelenskyy reuniram-se para discutir “o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, sobre o apoio militar, logístico, politico e também financeiro que Portugal tem vindo a materializar”.
À saída do encontro, o primeiro-ministro português confirmou aos jornalistas que o país está empenhado em continuar a apoiar a Ucrânia, num ajuda que se irá “repetir no próximo ano, num valor nunca inferior aquele que tivemos do ponto de vista financeiro do ano de 2024”, explicou.
“Estaremos a falar, no ano de 2025, de um apoio, pelo menos, na casa dos 220 milhões de euros, com isso também integrando o esforço nas iniciativas que estão em curso, nomeadamente na aquisição de material militar, seja na disponibilização de material logístico necessário para manter as forças militares na Ucrânia no terreno”, afirmou Luís Montenegro.
Apesar do apoio militar, Luís Montenegro garante que a expectativa portuguesa assenta na realização de um acordo de paz “justo, duradouro e com garantias de segurança”.
“A nossa expectativa e intervenção está no âmbito da Coligação da Boa Vontade, muito direcionada para a obtenção de um processo de paz justo, duradouro, com garantias de segurança”, afirmou.
Montenegro, que fala num "encontro produtivo", acrescentou que Zelenskyy "agradeceu" o facto de o primeiro-ministro português, na sua última viagem a Pequim, ter pedido ao presidente chinês, Xi Jinping, para atuar junto do presidente russo, "devido à sua relação de proximidade" com Vladimir Putin, no sentido de acelerar o processo de paz.
O primeiro-ministro está em Copenhaga onde participou na reunião da comunidade política europeia, num encontro destinado a discutir a situação geopolítica do continente e os seus desafios em termos de defesa e de segurança.
Neste campo, Luís Montenegro reforçou as preocupações portuguesas no âmbito da chamada guerra híbrida, um tópico no qual "Portugal tem especial interesse".
"Tem sido um tópico ao qual temos dado muita importância, do ponto de vista cibersegurança, proteção da infraestruturas críticas, segurança das nossas comunicações e até do ponto de vista da formação da vontade política com todas a tentativas que há de manipulação e desinformação de forma a influenciar o nosso pensamento livre e democrático", explicou o primeiro-ministro.
Imigração: “Nem de porta aberta nem de porta completamente fechada”
Durante os trabalhos em Copenhaga, Luís Montenegro participou numa mesa redonda sobre o tema da imigração. Reconhecendo que se trata de “um problema comum” que se apresenta com diferentes desafios mediante diferentes países, o primeiro-ministro português reforçou que, atualmente, em Portugal, a política migratória “não é nem de porta aberta nem de porta completamente fechada”.
Foi pelo menos isso que respondeu à primeira-ministra dinamarquesa, que terá mencionado Portugal como o país de origem de um dos fluxos migratórios que atingem a Dinamarca, com o Montenegro a clarificar que “são pessoas que vêm de Portugal mas que não são portugueses”.
Na resposta, Montenegro explicou que o país está a “mediar aquilo que são os fluxos de chegada ao país”, nomeadamente “por via, em primeiro lugar, dos acordos celebrados com entidades empresariais e também sindicais para que as pessoas quando chegam a Portugal tenham já a garantia de um contrato de trabalho assegurado”.
Além disso, o primeiro-ministro português lembrou a regularização dos processos que estavam pendentes na AIMA.
“Nós regularizámos os mais de 400 mil processos pendentes que tínhamos na entidade que sucedeu do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a AIMA, precisamente indo à procura de saber quem são as pessoas, o que estão a fazer e mesmo onde é que estão. A verdade é que regularizámos uma grande parte desses processos. Cerca de 170 mil acabaram por não ter uma conclusão, seja por as pessoas não cumprirem os requisitos ou porque muitas delas não conseguimos contactar”, explicou.
“Pelo menos 170 mil não têm condições de conclusão, muitos deles já receberam as comunicações para poderem abandonar o país, embora esteja ao seu alcance poderem fazer um recurso judicial sobre essa decisão”, reforçou.
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