Tusk diz que extraditar suspeito do Nord Stream para a Alemanha não é do interesse da Polónia

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, afirmou que não é do interesse do país extraditar um cidadão ucraniano para a Alemanha, devido ao seu alegado envolvimento nas explosões do gasoduto Nord Stream em 2022.
O suspeito ucraniano, Volodymyr Z., procurado pela Alemanha devido à sua ligação com as explosões de setembro de 2022, foi detido perto de Varsóvia no final de setembro.
Na segunda-feira, um tribunal polaco decidiu que este deve permanecer sob custódia por mais 40 dias, enquanto é avaliado o pedido de extradição da Alemanha ao abrigo de um mandado de detenção europeu.
Na terça-feira, Tusk sublinhou que a decisão final cabe ao tribunal e que o governo polaco não vai interferir no processo. No entanto, reiterou a oposição da Polónia aos gasodutos, argumentando que estes tornaram a Europa demasiado dependente da energia russa.
"O problema da Europa, da Ucrânia, da Lituânia e da Polónia não é que o Nord Stream 2 tenha sido destruído, mas que tenha sido construído", afirmou Tusk em conferência de imprensa.
"Certamente não é do interesse da Polónia entregar este cidadão a um país estrangeiro", acrescentou.
As explosões de 26 de setembro de 2022 danificaram os gasodutos Nord Stream, construídos para transportar gás natural russo para a Alemanha através do Mar Báltico.
Os danos aumentaram as tensões relacionadas com a guerra na Ucrânia, numa altura em que os países europeus procuravam reduzir a sua dependência energética da Rússia.
A Procuradoria Federal Alemã afirmou, no mês passado, que Volodymyr Z. é um mergulhador treinado que fazia parte de um grupo suspeito de alugar um iate e colocar explosivos nos gasodutos perto da ilha dinamarquesa de Bornholm.
Suspeito nega envolvimento no caso
Volodymyr Z. negou qualquer irregularidade e vai contestar a extradição para a Alemanha, segundo o seu advogado polaco.
Outro cidadão ucraniano — Serhii K. — foi detido em Itália, no mês passado, devido a alegada ligação com as explosões. Um tribunal de recurso italiano aprovou a sua extradição para a Alemanha, mas o suspeito recorreu da decisão para o Tribunal de Cassação de Itália.
As explosões romperam o gasoduto Nord Stream 1, que era a principal via de fornecimento de gás natural da Rússia para a Alemanha até Moscovo cortar os fornecimentos no final de agosto de 2022.
Também danificaram o gasoduto Nord Stream 2, que nunca entrou em funcionamento porque a Alemanha suspendeu o seu processo de certificação pouco antes da invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022.
Moscovo acusou os Estados Unidos de serem os responsáveis pelas explosões, acusação que Washington nega.
Os gasodutos foram durante muito tempo criticados pelos EUA e alguns dos seus aliados, que alertaram que representavam um risco para a segurança energética da Europa ao aumentar a dependência do gás russo.
Em 2023, os meios de comunicação alemães relataram que um grupo pró-Ucrânia esteve envolvido no sabotagem dos gasodutos. Kiev rejeitou as sugestões de que teria ordenado o ataque e os responsáveis alemães manifestaram cautela perante a acusação.
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