Influencers brasileiras promovem empresa suspeita de recrutar jovens para fabricar drones na Rússia

Influenciadoras brasileiras com milhões de seguidores nas redes sociais têm promovido vagas de emprego duvidosas na Rússia para mulheres entre 18 e 22 anos, através de uma empresa com ligações suspeitas ao tráfico de seres humanos.
Segundo a imprensa brasileira, nas publicações promoviam o programa Alabuga Start como uma "oportunidade única para trabalhar em hotelaria, serviços de restauração ou logística" na Rússia, durante dois anos, contando com benefícios como um salário em dólares, bem como voos gratuitos e habitação paga.
No entanto, segundo relatórios do Instituto de Ciência e Segurança Internacional (ISIS), várias participantes disseram que foram forçadas a trabalhar em fábricas de drones militares depois de chegarem a Alabuga. Esta é uma cidade russa do Tartaristão e uma região central para a economia de guerra da Rússia, onde se produzem milhares de drones de ataque e reconhecimento para os militares.
De acordo com um relatório da organização Global Initiative, as trabalhadoras relataram longas horas de trabalho, vigilância rigorosa, problemas de saúde por exposição a produtos químicos, assédio, racismo e falta de liberdade.
Apesar de ser apresentada como uma empresa privada, a Alabuga Start tem laços estreitos com o Estado russo. O Ministério da Defesa financia e é o principal cliente dos drones que esta região produz.
Há alguns meses, a agência Bloomberg também já tinha reportado que a Alabuga Start, uma empresa de recrutamento da Zona Económica Especial de Alabuga, na Rússia, vem expandindo uma iniciativa iniciada em 2023 para contratar mulheres entre 18 e 22 anos de África, América Latina e Sudeste Asiático para solucionar a escassez de mão de obra no país.
Algumas das influenciadoras brasileiras que publicitaram o programa apagaram de forma silenciosa as suas publicações quando as suspeitas sobre a empresa vieram a público e começaram a ser denunciadas. Outras tiveram os seus vídeos removidos das plataformas em que publicavam, e algumas até admitiram desconhecer a situação e pediram desculpas.
O site do programa, que não lista uma identificação fiscal de negócios no Brasil ou um número de contacto brasileiro, permanece ativo e continua a promover o programa como "uma oportunidade de emprego".
Today