Dilema político na Áustria após vitória da extrema-direita
A vitória da extrema-direita nas eleições nacionais austríacas, não garante a Hebert Kickl uma liderança plena uma vez que a vitória foi sem maioria parlamentar.
O Partido da Liberdade precisa de uma coligação com outros partidos políticos, com ideologias antagónicas.
Contudo, os seus rivais, Karl Nehammer do Partido Popular austríaco e o líder social-democrata Andreas Babler, disseram que não vão trabalhar com a extrema-direita.
Para o analista político Peter Hakek, Herbert Kickl é um estratega e tem atualmente duas opções para liderar.
"A primeira opção: formar um governo , falar com toda a gente, e ser certo que o nome do chanceler será Herbert Kickl com um governo mais de «colarinho azul». Se não for esse o caso, ele irá para a oposição e terá um lugar na primeira fila, com mais margem."
Nesta última opção "limitar-se-á a assistir a uma coligação entre o Partido Popular Austríaco e o Partido Social-Democrata, que terá uma maioria de apenas um lugar no Parlamento", explica o analista. "Ou talvez uma coligação de três partidos com a adição do partido liberal Neos, ou dos Verdes, e nesse caso teriam mais lugares, mas, como se sabe pela situação na Alemanha, uma coligação de três partidos não é um jardim de infância".
Em alternativa, os conservadores podem também vir a substituir Nehammer por um novo líder mais recetivo a trabalhar com Kickl. Isto porque alguns membros do partido poderão estar mais abertos a uma fusão com o Partido da Liberdade a uma aliança com a esquerda.
"Estou preocupada com a democracia"
A vitória eleitoral do Partido da Liberdade provocou uma manifestação em frente ao Parlamento austríaco, com os cidadãos a manifestarem a sua preocupação com a ascensão da extrema-direita.
“Estou preocupada com a democracia, com o nosso país e com o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos”, disse uma das manifestantes na noite de domingo.
Preocupação e receio do futuro são os argumentos mais utilizados nas ruas. "Estou aqui hoje porque me assusta o facto do Partido Popular ter conseguido 30%", disse uma jovem. "A Áustria deveria saber melhor o que fazer”, criticou.
Em 1983, os sociais-democratas e os conservadores representavam quase 91% dos votos. Atualmente, esse número desceu para menos de 50%.
A pesada derrota eleitoral do establishment político é o mais recente exemplo da mudança de tendências eleitorais em todo o continente europeu com o crescimento da extrema-direita em vários países.
Na Áustria a afluência às urnas foi de 78%, com 6,3 milhões de pessoas registadas para votar, e no final desta semana serão publicados os resultados oficiais finais.
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