Orçamento em França: Le Pen apresenta linhas vermelhas e ameaça derrubar primeiro-ministro
A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, avisou que poderá derrubar o governo minoritário de França até ao final do ano, através de uma possível moção de censura, se não forem feitas alterações ao Orçamento do Estado.
No encontro desta segunda-feira com o primeiro-ministro Michel Barnier, Le Pen diz ter apresentado “linhas vermelhas”, incluindo a recusa de aumentar os impostos sobre a eletricidade e a necessidade de subir algumas pensões já a partir de janeiro.
Le Pen afirmou que nada mudou após as discussões e que não estava otimista quanto à possibilidade de chegar a um compromisso sobre o orçamento para 2025.
O projeto de Orçamento para o próximo ano tem de ser aprovado até 21 de dezembro.
O governo pretende economizar 60 mil milhões de euros através de aumentos de impostos e cortes nas despesas para reduzir o défice de mais de 6% para 5% no próximo ano.
Barnier tenta manter o orçamento de 2025 dentro dos objetivos do défice definido, depois de ter feito concessões em matéria de pensões aos deputados conservadores e de ter concedido a alguns ministérios orçamentos ligeiramente maiores.
O executivo francês é composto maioritariamente por membros do partido do primeiro-ministro Barnier (Republicanos) e por centristas da aliança do presidente Emmanuel Macron.
Moção de censura dos extremos?
No mês passado, o governo sobreviveu a uma moção de censura apresentada pela coligação de esquerda (Nova Frente Popular) graças à abstenção da extrema-direita.
Devido às dificuldades das negociações para aprovação do orçamento, Barnier poderá tentar utilizar uma cláusula constitucional - artigo 49.3 - para o fazer passar sem votação no parlamento.
Segundo a BFMTV, o Rassemblement National (RN) deverá decidir se apresenta a moção de censura na reunião de 18 de dezembro.
Se todos os deputados da NFP e do RN votarem a favor da moção de censura, esta será aprovada e o governo cairá.
Barnier já descreveu qualquer aliança entre a extrema-esquerda e a extrema-direita para derrubar o governo como uma “coligação de opostos”.
A complicar ainda mais uma possível crise política está a regra constitucional em França que estabelece um intervalo de um ano entre as eleições legislativas, o que significa que Macron não pode convocar eleições até ao verão.
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