Deputado municipal do Chega renuncia ao mandato depois de ser acusado de prostituição de menores
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O caso remonta ao ano de 2023 e, de acordo com a acusação do Ministério Público, noticiada pelo jornal Expresso, começou na aplicação de encontros para homossexuais Grindr: Nuno Pardal, deputado municipal do Chega por Lisboa, terá mantido encontros sexuais com um menor de 15 anos.
Depois do contacto através da aplicação de encontros, a conversa passou para o WhatsApp, com Nuno Pardal, de 51 anos, a marcar um encontro com o menor que acaba por acontecer a 11 de julho de 2023, junto a uma estação de comboios.
Os dois foram até ao carro do deputado municipal, seguindo depois até um pinhal onde mantiveram relações sexuais. A acusação específica que o ato sexual terá acontecido depois de Nuno Pardal questionar o jovem sobre a idade, tendo este respondido que tinha 15 anos. O Ministério Público reforça mesmo que o arguido sabia que a vítima tinha 15 anos e era sexualmente inexperiente.
O conselheiro nacional do partido de André Ventura terá enviado depois um código através de MbWay para que o adolescente pudesse levantar 20 euros.
A publicação explica ainda que Nuno Pardal pediu fotografias íntimas e tentou um segundo encontro com o menor, tendo este recusado.
O caso chegou Justiça depois de ter sido denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do adolescente, que tiveram acesso às mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho. A acusação do procurador Manuel dos Santos, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Cascais, a que o Expresso teve acesso, cita algumas dessas mensagens. Entre os elementos de prova apresentados pelo Ministério Público estão também declarações do jovem e fotografias.
Desta forma, o vice-presidente da Distrital de Lisboa e conselheiro nacional do Chega está acusado de dois crimes de prostituição de menores agravados, um consumado e outro na forma tentada: a lei determina que idade legal para dar consentimento a relações sexuais com adultos é de 16 anos. No caso de haver pagamento, sobe para 18.
Nuno Pardal vai renunciar ao mandato na Assembleia Municipal
Sobre o caso e em resposta ao jornal Expresso, Nuno Pardal não negou o encontro com o adolescente, mas disse desconhecer que este era menor de idade.
“Irei serenamente preceder à minha defesa, lamentando profundamente a situação desagradável para todas as partes”, afirmou em declarações ao jornal.
O partido ainda não respondeu à polémica mas, segundo avança o Observador, o deputado municipal diz que irá renunciar ao mandato na Assembleia Municipal de Lisboa. Ao jornal explica que está focado em "provar a inocência" mas tomou a decisão devido à situação "“muito delicada”, tanto a nível pessoal como político.
"A nossa posição é de total intolerância ao crime", diz André Ventura
Na primeira reação do partido ao caso, André Ventura garantiu aos jornalistas que após ter conhecimento do caso pediu o afastamento do deputado municipal explicando que, à semelhança de outros casos polémicos, não existe espaço no partido para elementos com ligações criminais.
O líder do partido anunciou que "foi aberto um processo interno para averiguar toda a circunstância envolvida", pedindo a Nuno Pardal "que abandone todos os lugares dentro do Chega".
"A nossa posição é de intolerância total ao crime", afirmou André Ventura aos jornalistas garantindo que irá "exigir consequências desde o primeiro momento". "Um líder não escolhe os casos, mas escolhe a reação que tem aos casos", acrescentou.
O partido defende penas mais agravadas sendo uma das bandeiras do Chega a castração química para pedófilos. Questionado sobre se aplicaria ao mesmo critério a Nuno Pardal Ribeiro, Ventura foi claro: "Quem é abusador de menores deve ser castrado".
"Eu não tenho dois critérios. Se defendemos que os crimes contra menores são abjetos, não podemos dizer que existe castração química para uns e não há para outros", explicou aos jornalistas.
André Ventura foi anda questionado se este e ouros casos recentes de membros do partido com problemas com a justiça, nomeadamente o polémico caso de Miguel Arruda, poderiam enfraquecer a liderança do partido, algo que Ventura nega, dizendo apenas que "a liderança do partido está nas mãos dos militantes".
Deputado do Chega Açores apanhado a conduzir com 2,25 g/l de álcool no sangue
Noutro caso a envolver elementos do Chega, que foi conhecido esta quinta-feira, o deputado do Chega Açores, José Paulo Sousa, foi apanhado a conduzir com 2,25 g/l de álcool no sangue.
O deputado regional foi intercetado numa operação STOP da PSP, na ilha das Flores, nos Açores, quando regressava a casa após uma festa, com a percentagem de álcool detetada a constituir já uma situação de crime.
José Paulo Sousa Sousa utilizou as redes socias para expressar o "profundo arrependimento pelo erro grave" que cometeu.
Uma fonte do partido revelou, ao Açoriano Oriental, ter sido apanhado de surpresa pela situação e indicou que o caso seria analisado na reunião do grupo parlamentar, na próxima segunda-feira.
Malas alheias e selos com desconto
Os casos criminais a envolverem elementos do Chega não são novos. Recentemente, a polémica esteve centrada no deputado da Assembleia da República Miguel Arruda, alvo de buscas por furtar malas em aeroportos.
O deputado nega as acusações apesar de existirem imagens de videovigilância que mostram o açoriano a levar bagagem alheia.
Acredita-se que o deputado vendia as roupas, alegadamente furtadas, online através de aplicações de venda de artigos em segunda mão, utilizando depois os CTT do Parlamento para ter desconto nos selos das encomendas. A informação foi avançada pelo jornal Correio da Manhã que explica que o agora ex-deputado do Chega guardava malas e roupa no seu gabinete e, dada a sua função, tinha descontos nos selos e nos envelopes.
De recordar que, após a polémica, Miguel Arruda desvinculou-se do Chega e passou a deputado não inscrito. O deputado meteu entretanto baixa médica por motivos psicológicos.
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