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Esperança e frustração. Intensifica-se o debate sobre o alargamento da UE

• 2025年11月8日 上午10:09
10 min de lecture
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Na sequência da cimeira Euronews realizada em Bruxelas esta semana, o debate político sobre o alargamento da UE está a aquecer.

O encontro que reuniu altos funcionários da UE e dos futuros Estados-Membros mostrou a vontade de fazer avançar o processo, mas também as frustrações existentes em ambos os lados.

A questão mais importante foi a possível adesão da Ucrânia, que continua a ser bloqueada pelo governo húngaro no Conselho Europeu.

O veto atual de Budapeste levou a um intenso vaivém entre as duas partes.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy criticou duramente o primeiro-ministro Viktor Orbán por obstruir os esforços de Kiev para aderir ao bloco.

"Estamos em guerra pela nossa sobrevivência e gostaríamos que o primeiro-ministro da Hungria nos apoiasse e não nos bloqueasse", afirmou Zelenskyy.

Zelenskyy disse que não tem intenção de fazer concessões a Budapeste, argumentando que a Hungria deveria apoiar a defesa da Ucrânia na Europa.

"Penso que Viktor Orbán tem de oferecer algo à Ucrânia, que está a proteger toda a Europa da Rússia, e mesmo agora, durante esta guerra, não recebemos qualquer apoio dele, apoio à nossa visão da vida", acrescentou Zelenskyy.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, entrevistado pelo Diretor Executivo da Euronews, Claus Strunz, Bruxelas, 4.11.2025
Entrevista do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, com Claus Strunz, Diretor Executivo da Euronews, Bruxelas, 4.11.2025 Euronews

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, foi entrevistado pelo diretor executivo da Euronews, Claus Strunz, em Bruxelas, a 4 de novembro de 2025.

Orbán respondeu. "Tenho de rejeitar a sugestão de que a Hungria deve algo à Ucrânia. A Ucrânia não defende a Hungria de nada nem de ninguém. Não pedimos tal coisa e nunca o faremos. A segurança da Hungria é garantida pelas nossas capacidades de defesa nacional e pela NATO, da qual a Ucrânia, felizmente, não faz parte", disse o primeiro-ministro húngaro.

Orbán reuniu-se com Donald Trump em Washington na sexta-feira e repetiu a posição do presidente dos EUA, que rejeitou, repetidamente, uma possível adesão da Ucrânia à NATO.

No entanto, não está claro se Trump apoia a adesão da Ucrânia à UE.

O que ficou claro na Cimeira do Alargamento da Euronews foi a vontade de avançar.

O Presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que a UE não pode continuar a adiar a entrada de novos membros no bloco.

"O contexto geopolítico atual torna esta prioridade ainda mais urgente e necessária para a União Europeia", afirmou. "Numa época de incerteza geopolítica e de instabilidade económica, uma União Europeia alargada significa uma Europa mais segura, mais forte e mais pacífica, a nível interno e mundial. O alargamento é o melhor investimento que podemos fazer hoje para o nosso futuro."

Mas resta saber se estas palavras serão ouvidas em todo o lado.

Entrevista do primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Hristijan Mickoski, a Sasha Vakulina, da Euronews. Bruxelas, 4.11.2025
Entrevista do primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Hristijan Mickoski, a Sasha Vakulina, da Euronews. Bruxelas, 4.11.2025 Euronews

Esta semana, a Comissão Europeia afirmou que a UE poderia acolher novos membros já em 2030, elogiando o Montenegro, a Albânia, a Ucrânia e a Moldávia pelos seus progressos nas reformas necessárias para aderir ao bloco.

Mas Bruxelas também criticou a Sérvia por estar a abrandar o seu processo de reformas. Acusou a Geórgia de "grave retrocesso democrático" e afirmou que a antiga república soviética é atualmente considerada um país candidato "apenas no nome".

Uma das principais frustrações dos candidatos à adesão à UE é a utilização de vetos nacionais por parte dos governos nacionais para travar o processo de alargamento.

Hristijan Mickoski, o primeiro-ministro da Macedónia do Norte, descreveu-o na Cimeira Euronews como uma forma de "intimidação".

O caminho da Macedónia do Norte para a adesão à União Europeia tem sido um dos mais longos e politicamente complexos da história do bloco. O país candidatou-se pela primeira vez à adesão à UE em 2004 e obteve o estatuto de candidato em 2005, mas o seu progresso foi, durante muito tempo, bloqueado por disputas com os países vizinhos.

Atualmente, a Bulgária está a bloquear o seu progresso, exigindo novas alterações à Constituição do país devido a questões históricas e linguísticas.

De igual modo, o Presidente sérvio Aleksandar Vučić também rejeitou as críticas à polarização política no seu país, argumentando que a divisão é uma tendência global e não um problema exclusivamente sérvio.

O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, em Bruxelas, a 4.11.2025
Presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, Bruxelas, 4.11.2025 Euronews.

"Diga-me o nome de um país sem uma polarização política profunda. Eu não sei o nome", disse Vučić. "É a Roménia? A Bulgária? Alemanha? França? Grã-Bretanha? Está a acontecer em todo o mundo devido às redes sociais. É assim que as coisas se passam no mundo atual. É a prova da democracia, que é fundamental".

A Comissão Europeia também criticou a baixa taxa de alinhamento da Sérvia com a política externa da UE, especialmente as sanções contra a Rússia em resposta à invasão em grande escala da Ucrânia, e a decisão de visitar Moscovo para assistir a uma parada militar.

"Não me vou justificar por ter falado com alguém", disse Vučić. "Acredito que toda a gente deve falar uns com os outros."