"Estamos bem encaminhados": Trump diz que teve uma "boa conversa" com Zelenskyy

O presidente dos EUA, Donald Trump, descreveu a conversa telefónica que manteve com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, esta quarta-feira, como tendo sido um “bom telefonema”.
Numa publicação na plataforma Truth Social, Trump revelou que a chamada durou cerca de uma hora e teve como objetivo alinhar os pedidos e necessidades da Ucrânia com os da Rússia para chegar a um acordo de cessar-fogo.
“Estamos muito bem encaminhados”, disse Trump, acrescentando que a Casa Branca emitiria uma declaração mais detalhada “em breve”, que irá conter "uma descrição exata dos pontos discutidos" e que será redigida pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz.
O telefonema entre Trump e Zelenskyy ocorreu um dia depois de o presidente dos EUA ter falado com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, na terça-feira - tendo sido essa, segundo o chefe de Estado dos EUA, a base para a conversa desta quarta-feira com o homólogo ucraniano.
Já Volodymyr Zelenskyy, na rede social X, informou ter tido "uma conversa positiva, muito substantiva e franca" com o homólogo norte-americano, esta quarta-feira.
"Agradeci-lhe o bom e produtivo início dos trabalhos das equipas ucranianas e norte americanas em Jeddah, a 11 de março - esta reunião das equipas contribuiu significativamente no sentido do fim da guerra", escreveu, detalhando que ambas as partes concordaram "que a Ucrânia e os Estados Unidos devem continuar a trabalhar em conjunto para se conseguir um verdadeiro fim de guerra e uma paz duradoura".
E acrescentou Zelenskyy: "Acreditamos que, em conjunto com a América, com o presidente Trump e sob a liderança norte-americana, é possível alcançar uma paz duradoura este ano."
O chefe de Estado ucraniano revelou ainda que Trump partilhou consigo "os pormenores da sua conversa com Putin e as principais questões debatidas", sendo que "um dos primeiros passos para acabar totalmente com a guerra poderia ser o fim dos ataques às infraestruturas energéticas e outras infraestruturas civis". Uma medida que, segundo escreveu, terá apoiado, estando Kiev pronta para "implementá-la".
"A parte norte-americana também propôs um cessar-fogo incondicional na linha da frente e a Ucrânia também aceitou esta proposta. Continuaremos a trabalhar para que isso aconteça. Acreditamos que esses passos são necessários para criar a possibilidade de se preparar um acordo de paz abrangente durante o cessar-fogo", referiu ainda Zelenskyy, que destacou ainda que "os ucranianos querem a paz" e que irá manter-se em contacto com o homólogo dos EUA. Sendo que, acrescentou, "as equipas ucranianas e americanas estão prontas para se encontrarem na Arábia Saudita nos próximos dias para continuarem a coordenar os passos para a paz".
Temas como "a situação no campo de batalha e as consequências dos ataques russos", "a questão da libertação dos prisioneiros de guerra e do regresso das crianças ucranianas que foram levadas pelas forças russas" e o "estado da defesa aérea da Ucrânia e a possibilidade de a reforçar para proteger vidas" foram também debatidas entre ambas as partes.
Em conferência de imprensa esta quarta-feira, Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, reforçou que a conversa entre Trump e Zelenskyy serviu para "alinhar tanto a Rússia, como a Ucrânia, em termos das suas necessidades e pedidos".
"Como o presidente Trump tem dito repetidamente, as vidas preciosas e o dinheiro que tanto a Ucrânia, como a Rússia, têm gastado nesta guerra seriam mais bem empregues nas necessidades dos seus povos", afirmou Karoline Leavitt, que assegurou que "este terrível conflito nunca teria começado com o presidente Trump no poder" e que o seu executivo está "determinado a acabar com ele de uma vez por todas".
Sobre a discussão de Trump, na terça-feira, com Vladimir Putin, a porta-voz da Casa Branca detalhou que "a necessidade de paz e de um cessar-fogo" na Ucrânia foi o ponto central da chamada telefónica. "Ambos os líderes concordaram que este conflito precisa de terminar com uma paz duradoura, e também sublinharam a necessidade de melhorar as relações bilaterais entre os EUA e a Rússia", detalhou.
Conversações com Putin terão corrido "muito bem"
O tão aguardado telefonema entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, centrado no cessar-fogo na Ucrânia, terá corrido "muito bem", segundo revelou fonte russa à CNN Internacional.
Após a chamada, a presidência russa anunciou uma troca de prisioneiros para esta quarta-feira, entretanto já confirmada por ambas as partes envolvidas no conflito. Terão sido trocados, segundo as informações entretanto reveladas, 175 soldados ucranianos foram trocados por 175 militares russos.
Além disso, o presidente russo também deu garantias a Donald Trump de que não iria atacar alvos energéticos ucranianos nos 30 dias seguintes. Putin já deu ordens às Forças Armadas russas nesse sentido, avançou a agência russa RIA Novosti.
A Rússia também adiantou a criação de grupos de trabalho entre Washington e Moscovo para discutir o acordo final de paz na Ucrânia. Trump e Putin prometeram ainda manter o contacto num futuro próximo.
Segundo um comunicado da Casa Branca, o chefe de Estado norte-americano também propôs um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, adiantando que os dois líderes vão iniciar "negociações técnicas" sobre a sua implementação.
Putin terá respondido "construtivamente à ideia" de implementar uma iniciativa de segurança no Mar Negro e "ficou acordado iniciar negociações para elaborar mais detalhes sobre esse acordo".
Durante a conversa, Putin fez duas exigências para terminar o conflito na Ucrânia. Uma delas, refere o Kremlin, "é o fim da mobilização forçada da Ucrânia" e do "rearmamento das Forças Armadas ucranianas".
A segunda consiste na "cessação completa de toda a ajuda militar estrangeira e fornecimento de informações confidenciais".
De recordar que a administração Trump tem estado geralmente otimista quanto à possibilidade de obter o apoio da Rússia para o acordo de cessar-fogo, com o qual a Ucrânia já concordou.
Mas Putin afirmou, na semana passada, que, embora concordasse com a "ideia" de um cessar-fogo, havia questões sem resposta - como o destino dos soldados ucranianos na região de Kursk - que precisavam de ser discutidas antes de Moscovo poder apoiar a proposta.
Também levantou questões sobre a forma como um potencial cessar-fogo poderia ser monitorizado e excluiu a ideia de colocar tropas de manutenção da paz da NATO para garantir a paz.
O Reino Unido e a França encorajaram Putin a aceitar um acordo. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que Zelenskyy demonstrou a "coragem" de aceitar um acordo, declarando que "cabe à Rússia provar que realmente quer a paz".
Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou no sábado, após um telefonema com líderes internacionais, que Putin deveria concordar com um cessar-fogo se estivesse a falar "a sério" sobre a paz.
"O meu sentimento é que, mais cedo ou mais tarde, Putin vai ter de se sentar à mesa das negociações e iniciar um debate sério", destacou Starmer.
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