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Mais de 75% das crianças de 3 e 4 anos passam muito tempo em frente aos ecrãs, dormem pouco e não fazem exercício físico

• Sep 30, 2024, 4:58 PM
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De acordo com os parâmetros de referência internacionais, as crianças com menos de 5 anos, num dia, devem ter três horas de atividade física, onde uma hora deve ser de exercício intenso, devem dormir ente 10 a 13 horas e não devem estar mais de uma hora em frente a ecrãs.

No entanto, em 33 países de todo o mundo, apenas 14,3% das crianças de três e quatro anos cumprem todas estas normas, de acordo com o estudo publicado no JAMA Pediatrics, que contabilizou cerca de 7.000 crianças.

Enquanto 81% dormem o suficiente, apenas 41,8% cumprem as recomendações de tempo de ecrã e 49,2% praticam atividade física suficiente.

Dado que a primeira infância é uma "janela de oportunidade crítica" para estabelecer hábitos saudáveis, os resultados têm sérias implicações para a "saúde e bem-estar ao longo da vida", alertaram investigadores liderados pela Universidade de Wollongong, na Austrália.

"É muito importante que analisemos até que ponto as crianças estão a cumprir estas diretrizes nos diferentes países", disse à Euronews Health Sarah Rose, psicóloga do desenvolvimento e professora associada da Universidade de Staffordshire, no Reino Unido.

"Esta evidência é o tipo de coisa de que precisamos para, esperamos, conseguir alguma mudança para as crianças", acrescenou.

Diferenças regionais

As taxas são ligeiramente melhores em África e na Europa, onde cerca de um quarto das crianças (23,9 e 23,5 por cento, respetivamente) cumprem os três critérios de referência.

Metade das crianças europeias (50%) tem um tempo de ecrã suficientemente limitado, enquanto 53,5% das crianças fazem exercício físico suficiente e quase todas (94,7%) dormem o tempo necessário.

Em particular, as raparigas europeias têm maior probabilidade de cumprir as diretrizes relativas ao tempo de ecrã do que os rapazes, mas é menos provável que pratiquem exercício físico suficiente, segundo o estudo.

A nível regional, a América do Norte e a América do Sul têm os melhores e os piores hábitos. Embora duas em cada três crianças pratiquem atividade física suficiente - mais do que em qualquer outra região - estas crianças são também, de longe, as que passam mais tempo em frente aos ecrãs, com apenas 17% a cumprir as recomendações.

"Por vezes, as pessoas partem do princípio de que, se uma criança passa muito tempo sentada em frente ao ecrã, não está a praticar atividade física, quando, na verdade, estes dados apresentam uma imagem mais matizada do que isso", afirmou Rose.

É provável que as tendências em matéria de atividade física e tempo de ecrã comecem ainda mais cedo, uma vez que estudos anteriores mostram que apenas um quarto das crianças com menos de 2 anos de idade cumprem as recomendações em matéria de tempo de ecrã.

Demasiado tempo de ecrã está também associado a problemas de saúde. Quanto mais tempo as crianças de 1 ano passam em frente aos ecrãs, maior é a probabilidade de apresentarem atrasos no desenvolvimento aos 2 e 4 anos de idade - embora ainda não seja claro se o tempo de ecrã é realmente a causa dos problemas.

Países europeus aplicam medidas para limitar tempo de ecrã

Vários países europeus estão a insistir na limitação do tempo de ecrã das crianças. Em setembro, a agência de saúde pública da Suécia recomendou a proibição dos ecrãs para crianças com menos de 2 anos, seguindo orientações semelhantes na Irlanda para bebés até aos 18 meses de idade.

Entretanto, o governo francês afirma que as crianças com menos de 3 anos não devem ter tempo de ecrã e que, até aos 6 anos, esse tempo deve ser "fortemente limitado".

Outros países, como a China, foram ainda mais longe, restringindo, por exemplo, os jogos online dirigidos a jovens.

No entanto, a proibição do tempo de ecrã pode nem sempre ser realista, uma vez que a tecnologia digital está presente em toda a parte na vida quotidiana, de acordo com investigadores da Universidade de Lund, na Suécia.

Depois de estudarem os hábitos digitais diários das crianças, concluíram que é "quase impossível" manter as crianças afastadas dos ecrãs e que uma abordagem de tolerância zero pode simplesmente fazer com que os pais se sintam preocupados ou envergonhados com a utilização dos ecrãs pelos seus filhos, em vez de os ajudar a reduzir o seu consumo.

Rose afirmou, ainda, que as diretrizes relativas ao tempo de utilização dos ecrãs podem ser demasiado simplistas, uma vez que normalmente não têm em conta a qualidade do que as crianças estão a fazer nos seus dispositivos.

"O tempo de ecrã pode ser constituído por uma série de atividades diferentes, e essas atividades podem ter valores diferentes para as crianças que as praticam", afirmou Rose, por exemplo, fazer videochamadas com os avós ou ver televisão educativa.

"Penso que o que os pais realmente valorizariam seria uma orientação de apoio sobre como utilizar o tempo de ecrã de forma saudável com os seus filhos", disse Rose.