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Negociante de sucata em Pompeia teve quadro de Picasso na sala durante 50 anos sem saber

• Oct 2, 2024, 8:23 AM
4 min de lecture
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É autêntica a assinatura de Pablo Picasso no quadro encontrado por Luigi Lo Rosso, um negociante de sucata em Pompeia, que até há pouco tempo não imaginava que tinha um tesouro dentro de casa.

A confirmação da autenticidade do "Retrato de Dora Maar" foi feita no início de setembro, com a peritagem realizada pela grafóloga Cinzia Altieri, consultora do tribunal de Milão, mas a notícia só se tornou pública nos últimos dias.

A história da descoberta do "Retrato de Dora Maar"

Em 1962, ao limpar a cave de uma vivenda em Capri, um homem encontrou uma tela enrolada que representava o rosto de uma mulher. Embora a assinatura "Picasso" fosse claramente visível no canto superior esquerdo, o nome não soou aos ouvidos de Lo Rosso, então com 24 anos, que decidiu levar a tela para casa e pendurá-la na sua sala de estar.

Durante cinquenta anos, o quadro permaneceu na sala de estar da família, ganhando a alcunha de "goiva" devido às formas assimétricas típicas do estilo do artista.

Foi apenas no início dos anos 2000 que o filho mais velho de Lo Rosso chamou a atenção dos pais para a forte semelhança entre o quadro pendurado na sala de estar e as obras de Picasso retratadas nos seus livros escolares, sugerindo a possibilidade de ter um original em casa. Embora a ideia seja inicialmente rejeitada, a semelhança com as obras-primas do mestre cubista é tal que a dúvida começa a instalar-se entre os membros da família, que acabam por ser convencidos a tentar pagar a peritagem.

Análises para confirmar a autenticidade do quadro de Picasso

Após numerosas análises, consultas e comparações com outras obras, uma primeira confirmação chegou inesperadamente. O quadro, realizado entre os anos 40 e 50, poderia ser um retrato da poetisa francesa Dora Maar, companheira de Picasso durante nove anos. Existe também uma outra obra chamada 'Buste de Femme Dora Maar' e a hipótese é que Picasso tenha feito dois retratos diferentes da mulher, em alturas diferentes.

O quadro foi apreendido pouco tempo depois, alegadamente roubado, e depois devolvido aos proprietários. Mas as vicissitudes da família de Pompeia não se ficam por aqui. O maior obstáculo é a recusa da Fundação Picasso de Paris, dirigida pelos filhos do pintor, em considerar o quadro.

Assim, Lo Rosso recorreu à Fundação Arcadia, uma organização sem fins lucrativos dedicada à valorização do património artístico. O Presidente da Fundação, Luca Gentile Canal Marcante, reuniu uma equipa de especialistas para uma nova série de análises, graças às quais foi confirmada a originalidade da obra, coroada pela autenticação da assinatura de Altieri.

O quadro da sala de estar da família Lo Rosso, atualmente guardado pelos filhos de Luigi num cofre em Milão, foi avaliado em seis milhões de euros. Se a obra for reconhecida pela Fundação Picasso, o seu valor poderá subir para dez ou doze milhões.

Uma avaliação que não enriquecerá as contas bancárias da família, pelo menos para já. "Esse quadro é uma peça da família Lo Rosso de Pompeia e não está à venda. Estamos apenas à procura de uma avaliação, mas não o vamos vender, porque essa era a vontade do meu pai, que já não está entre nós", diz Andrea Lo Rosso, que se diz "satisfeito e feliz" com o recente reconhecimento.