Chipre: 51 anos após a invasão turca, as duas comunidades tentam sarar as feridas

51 anos após a Operação Átila II e a invasão turca de Chipre, as feridas ainda estão por sarar. No entanto, em ambas as comunidades, apesar das diferenças e da dor, existem iniciativas que deixam uma esperança para o futuro.
Os dois lados começaram a restaurar os cemitérios da outra religião como um sinal de civilização e respeito.
"Provavelmente, de todos os monumentos, este tem um valor mais antropocêntrico e mais fundamentado, que também está mais diretamente relacionado com as pessoas", diz Kyriakos Christofides, empreiteiro no cemitério de Tohni.
Até ao momento, está em curso o restauro de 15 cemitérios na Linha Verde, enquanto existem discussões sobre a expansão do projeto, com um custo de 700.000 euros.
"As pessoas vêm à nossa aldeia para ver as campas, as suas casas, temos pessoas que nos visitam para ver onde estão os seus antepassados. Assim como exigimos que nos respeitem a nós, aos nossos mortos, à nossa religião e assim por diante, acredito que lhes devemos o mesmo respeito", refere a presidente da comunidade cipriota grega de Tohni, Haroula Efstratiu.
Após a invasão turca, as igrejas e os cemitérios cristãos foram vandalizados, enquanto as mesquitas e os cemitérios muçulmanos sofreram danos e foram deixados ao abandono. Durante décadas, nem sequer era permitido passar para o outro lado para deixar flores na campa de familiares.
"Costumava ficar muita perturbada quando via este sítio, perguntando-me o que teria acontecido. Queremos fazer outro entendimento. Queremos voltar a proteger as nossas coisas, as nossas mesquitas, as nossas igrejas. Eles têm a sua religião, nós temos a nossa. Assim como não queremos que os nossos cemitérios sejam destruídos, eles também não... Afinal, os nossos antepassados estão aqui enterrados", diz Murudeh Erzen, presidente de uma comunidade cipriota turca na zona ocupada de Palaikythro.
O projeto de restauro dos cemitérios, que também é financiado pela União Europeia, teve início em maio passado.
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