Piloto da Força Aérea croata e a sua namorada detidos por alegada espionagem

As autoridades croatas detiveram um piloto da Força Aérea, e a sua companheira, por alegada espionagem, acusando-os de terem partilhado informações confidenciais sobre as operações de manutenção da paz no Kosovo durante um período de três anos, noticiaram os meios de comunicação social croatas na quarta-feira.
O piloto da Força Aérea croata, identificado como JI, e a sua namorada AM, uma cidadã sérvia de Mitrovica, no Kosovo, foram detidos na ilha dálmata de Vis, depois de os procuradores terem concluído que dispunham de provas suficientes dos seus atos ilícitos.
O piloto de helicóptero negou as acusações, alegando que estava a ser incriminado e que a sua companheira era um "dano colateral", de acordo com o meio de comunicação croata Index.hr.
AM foi inicialmente detida num centro de acolhimento em Trilj, no condado de Split-Dalmatia, devido a uma ordem de expulsão, mas foi depois acusada de espionagem.
Os procuradores alegam que o piloto, que estava destacado numa missão de manutenção da paz da Força do Kosovo (KFOR), forneceu informações confidenciais sobre as unidades da KFOR, as movimentações no norte do Kosovo e o município de Zubin Potok, de maioria sérvia, entre 2022 e 2025.
De acordo com as alegações, a companheira, AM, transmitiu estas informações às autoridades de Belgrado.
Os funcionários do Ministério da Defesa croata confirmaram que o piloto tinha passado todas as autorizações de segurança necessárias. Os seus colegas descreveram-no como um "profissional exemplar", segundo a imprensa nacional.
Pessoas próximas de AM rejeitaram categoricamente a possibilidade do seu envolvimento, afirmando que ela não simpatizava com o governo de Belgrado.
Os membros da Comissão de Segurança Nacional do Parlamento croata consideraram as alegações graves e afirmaram que o caso exige uma análise parlamentar.
"Trata-se de um grave problema de segurança. Veremos o que a investigação revela", disse Arsen Bauk, presidente da comissão parlamentar.
"Em tempos como estes, o objetivo de todos nós, de todas as partes, é a segurança de todos os nossos cidadãos e do nosso país, de todas as nossas missões (de manutenção da paz) nos países onde participamos", afirmou Sandra Benčić, membro da comissão.
A relação entre os dois países vizinhos - ambas antigas repúblicas jugoslavas - tornou-se mais tensa nos últimos tempos, com Belgrado a alegar que cidadãos croatas participaram ativamente nos protestos em curso na Sérvia, que recentemente se tornaram violentos.
Entretanto, a Croácia, membro da NATO e da UE, assinou em março uma declaração sobre cooperação em matéria de segurança com o Kosovo e a Albânia.
Na altura, Belgrado criticou amplamente o acordo, com o presidente sérvio Aleksandar Vučić a dizer que a Albânia e a Croácia - também membro da NATO - estavam a alimentar uma "corrida às armas" na região.
Na guerra de palavras que se seguiu, o ministro croata da Defesa, Ivan Anušić, respondeu dizendo que "já passou o tempo em que perguntávamos a Belgrado o que íamos fazer".
Os meios de comunicação social sérvios noticiaram, entretanto, que Vučić e o seu aliado, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, mantiveram conversações sobre um acordo militar semelhante entre as duas nações.
A Euronews contactou a Embaixada da Sérvia na Croácia para comentar o assunto.
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