Ascensores de Lisboa suspensos após acidente que matou 16 pessoas

A Câmara Municipal de Lisboa decidiu parar os elevadores da cidade para inspeções. A decisão foi tomada depois do acidente com o elevador da Glória, no centro da cidade, ter provocado preocupações sobre a manutenção destes equipamentos.
Foram suspensas as operações dos ascensores da Bica e Lavra e o Funicular da Graça “para realizarem vistorias técnicas", divulgou a agência Lusa.
À semelhança do elevador da Glória, onde decorreu o acidente, o da Bica e do Lavra foram inaugurados no fim do século XIX. O Funicular da Graça abriu ao público o ano passado.
Logo depois do acidente surgiram questões relativamente à manutenção da estrutura.
“Esta questão da manutenção dos elevadores tem sido sistematicamente levantada pelos próprios trabalhadores que operam estes elevadores, quanto à necessidade de uma maior manutenção deste material circulante”, disse Manuel Leal, o dirigente da Federação dos Transportes (Fectrans), em entrevista à RTP:
Em causa a entrega da manutenção das carruagens – que antes era feita pela Carris (empresa pública de transportes coletivos de Lisboa) - a uma empresa externa.
A Carris, que abriu um inquérito, garante que todo o protocolo de manutenção estava a ser “escrupulosamente respeitado”, bem como as inspeções diárias.
“Estamos a apurar, o inquérito vai decorrer, também há entidades externas que estão a investigar o sucedido”, disse Pedro de Brito Bogas, que preside ao Conselho de Administração da empresa.
Segundo o jornal Público, na origem do acidente esteve a quebra de um cabo que liga as duas cabines, que circulam simultaneamente. Há também relatos de uma falha nos travões.
Na altura, uma das cabines estava na paragem na zona mais baixa, junto à Praça dos Restauradores, que terá descido ligeiramente. A segunda cabine, que estava no alto da Calçada da Glória, saiu dos carris e despenhou-se a grande velocidade.
Neste momento, as autoridades estão a tentar apurar exatamente o que aconteceu. Durante a noite era possível ver vários inspetores a recolher provas no local. Mas a Polícia Judiciária diz não foi um crime.
"Isto é um cenário de exceção, não é uma cena típica de crime”, disse o diretor da Polícia Judiciária de Lisboa e Vale do Tejo, João Oliveira,** em declarações à Sic Notícias.
“Não temos nenhum indicador seguro que possa apontar para uma ação criminosa na origem destes factos", acrescentou.
A exigência de apurar o que se passou veio do próprio presidente da República. Um comunicado da Presidência diz que Marcelo Rebelo de Sousa “espera que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas autoridades competentes”.
Cinco feridos em estado grave
Até agora o acidente já fez 16 mortos. Uma das maiores dificuldades pode ser identificar as vítimas mortais. O Instituto de Medicina Legal espera terminar as autópsias na manhã desta quinta-feira. Para isso, foram chamadas equipas de médicos legistas de Coimbra e do Porto.
"Há aqui uma grande dificuldade na identificação de vítimas porque, entre elas, algumas são de nacionalidade estrangeira", disse diretor da Polícia Judiciária, João Oliveira.
Outra preocupação são os feridos, em particular as cinco pessoas que se encontram em estado grave. Inicialmente as autoridades falavam em 18 pessoas feridas, mas depois o número foi atualizado: neste altura, mais de 20 feridos, cinco dos quais em estado grave.
O maior número de feridos está no Hospital de São José, os restantes estão em outros hospitais da cidade.
Segundo a diretora da Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, entre os feridos há pessoas de nacionalidade portuguesa, alemã, espanhola, francesa ou marroquina.
O acidente aconteceu pouco tempo depois das seis da tarde (hora de Lisboa). Os elevadores da cidade são um transporte público essencial para a deslocação numa cidade composta por diferentes colinas. Mas nos últimos anos, têm também se tornaram um postal da cidade e uma verdadeira atração turística.
A Câmara Municipal declarou três dias de luto municipal e o Governo português um dia de luto nacional, que se assinala esta quinta-feira, dia 4 de setembro. O primeiro-ministro cancelou a agenda prevista para hoje, com exceção da videoconferência no encontro de líderes da Coligação de Boa Vontade sobre a Ucrânia e do Conselho de Ministros.
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